Robert Francis Prevost, de 69 anos, também tem atuação na América Latina com uma ação missionária no Peru; nome papal será Leão 14
Os 133 cardeais do conclave escolheram o 1º papa norte-americano da igreja católica: Robert Francis Prevost, com nome papal de Leão 14. O anúncio se deu nesta 5ª feira (8.mai.2025), com o novo pontífice realizando a 1ª aparição pública na varanda central da Basílica de São Pedro.
“Que a paz esteja com todos vocês […] o mal não irá prevalecer, estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, de mãos dadas com Deus, uns com os outros, prossigamos”, disse o papa em seu 1º discurso.
A escolha de um líder norte-americano é inédita na igreja. A nacionalidade que mais se repetiu na história foi a italiana, com 217 pontífices vindos do país, em seguida seguem papas franceses e gregos, que possuem cerca de 15 e 16 papas cada um.
Apesar de nascer nos Estados Unidos, o novo papa Leão 14 fez boa parte de sua ação missionário na América Latina, atuando no Peru pela Ordem de Santo Agostinho. Em 26 de setembro de 2015, foi nomeado Bispo de Chiclayo, cidade peruana, pelo papa Francisco, indicando a conexão do pontífice entre diferentes países e povos.
O novo líder da Igreja Católica foi apresentado ao público na varanda da Basílica de São Pedro ainda nesta 5ª feira (8.mai).
Prevost nasceu em Chicago (Estados Unidos), em 14 de setembro de 1955. É sacerdote desde 1982 e foi bispo emérito de Chiclayo, no Peru. Nomeado arcebispo pelo papa Francisco em 2023, tornou-se integrante do Colégio dos Cardeais da Igreja Católica.
A escolha do nome papal pode ser uma homenagem ao papa Leão 13, que liderou a igreja de 1878 a 1903. Ficou conhecido como o “papa dos trabalhadores” e defendeu a distribuição de riqueza e intervenção do Estado em favor dos mais pobres.
Leão 14 é um líder agostiniano, ou seja, que segue a vida cristã ao estilo de Santo Agostinho. Essa ordem religiosa tem 6 valores fundamentais: interioridade, verdade, liberdade, amizade, comunidade e justiça solidária.
Robert Prevost é o 1º papa dos EUA, mas construiu grande parte de sua carreira no Peru, onde trabalhou nas décadas de 1980 e 1990, e se naturalizou peruano. É poliglota e tido como um clérigo com habilidades diplomáticas.
Segundo o New York Times, Prevost tem posicionamentos similares ao do papa Francisco, e tende a dar continuidade a suas reformas. Assim como o pontífice argentino, Leão 14 tem compromisso com os mais pobres e com os direitos de imigrantes.
Por outro lado, é mais discreto e menos liberal que seu antecessor. Já criticou o “estilo de vida homossexual” em discurso em 2012 e se colocou contra o ensino escolar que “busca criar gêneros que não existem”.
ENTENDA COMO FOI A ESCOLHA DO NOVO PAPA
Os 133 cardeais com direito de voto iniciaram na 4ª feira (7.mai.2025) o conclave, processo de escolha do 267º papa. Eles ficaram isolados na capela Sistina, no Vaticano, durante toda a votação até chegarem a um consenso sobre o sucessor do papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos.
São necessários ⅔ dos votos para que um cardeal se tornasse papa. E não tinha um limite de votações.
Na 4ª feira (7.mai), às 5h (horário de Brasília), foi celebrada a missa que antecedeu a única votação do dia. Durante a homilia, o cardeal decano Giovanni Battista Re fez um apelo para que os cardeais recebessem inspiração divina e pudessem escolher um papa que a humanidade precisa.
No mesmo dia, às 11h30, os cardeais se reuniram na capela Paulina, dentro do complexo do Vaticano, para rezar a Ladainha de Todos os Santos. Em seguida, caminharam até a capela Sistina e prestaram juramento de fidelidade ao processo de absoluto sigilo.
Após o juramento, foi feita a tradicional ordem “Extra omnes” — que determina a saída de todos os não envolvidos no conclave. Depois, por volta de 12h45, a capela Sistina foi trancada pelo monsenhor Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, e teve início a votação da escolha do novo papa. A capela também ficou fechada para visitação.
Reprodução/YouTube – VaticanNews – 7.mai.2025
Reprodução/YouTube – VaticanNews – 7.mai.2025
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O Vaticano transmitiu o momento em que os cardeais rezaram a Ladainha de Todos os Santos e os juramentos. Depois, ficou foi exibida a fachada da capela Sistina e a sua chaminé, de onde saiu a fumaça que indicava o resultado de cada votação.
Assista:
Foram preparados cerca de 200 quartos em duas casas de hóspedes para os cardeais. Os aposentos têm uma cama, uma mesa de cabeceira e um armário. Janelas que dão vista para locais externos do palácio foram fechadas temporariamente para evitar que os cardeais fossem afetados por elementos externos ao conclave.
A partir do 2º dia de conclave, os cardeais votaram 4 vezes por dia: duas pela manhã e duas à tarde (no horário de Roma). Antes de cada turno de votação, os cardeais tinham que repetir o juramento.
Depois da contagem dos votos, todas as cédulas eram queimadas ao final de cada rodada. A cor da fumaça indicava o resultado. Se fosse preta, significava que não havia definição; se fosse branca, um novo papa havia sido eleito.
O conclave não tem duração definida. Ele poderia durar vários dias ou até semanas. Na eleição de Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, os cardeais demoraram 2 dias para chegar a um consenso. Os últimos 5 conclaves não ultrapassaram 3 dias de votação. A eleição mais longa durou 2 anos e 10 meses, no ano de 1268.
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