Encontro foi depois de bilateral do republicano com Zelensky; recepção na Casa Branca se deu 3 dias depois de reunião com Putin
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), recebeu nesta 2ª feira (18.ago.2025) o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky (Servo do Povo, centro), e 7 líderes europeus na Casa Branca para uma reunião sobre a guerra na Ucrânia. O encontro se deu no Salão Leste da Casa Branca às 16h (horário de Brasília).
Os líderes falaram sobre cessar-fogo para a guerra entre Rússia e Ucrânia e fortalecimento do Exército ucraniano. Não foi detalhada nenhuma proposta de trégua. Uma reunião a portas fechadas foi iniciada depois do encontro transmitido ao vivo.
Trump já havia tido uma reunião bilateral com Zelensky às 13h. Na ocasião, o republicano disse que a Rússia está disposta a realizar uma reunião trilateral com EUA e Ucrânia. Declarou querer trabalhar em conjunto com os 2 países pelo fim do conflito. O presidente da Ucrânia apoiou a declaração do norte-americano.
Líderes europeus que participaram:
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia;
Keir Starmer (Partido Trabalhista, centro-esquerda), primeiro-ministro do Reino Unido;
Friedrich Merz (União Democrata-Cristã, centro-direita), primeiro-ministro da Alemanha;
Giorgia Meloni (Irmãos da Itália, direita), primeira-ministra da Itália;
Emmanuel Macron (Renascimento, centro), presidente da França;
Alexander Stubb (Partido da Coalizão Nacional, centro-direita), presidente da Finlândia;
Mark Rutte, secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
O que disse cada líder:
Donald Trump – “Acho que as nações europeias assumirão muito do peso, nós vamos ajudá-los e faremos [a Europa] muito segura. Também precisamos discutir a possível troca de territórios, considerando a atual linha de contato, ou seja, a zona de conflito, e negociar posições”;
Volodymyr Zelensky – “A segurança da Ucrânia depende dos EUA e dos líderes europeus aqui conosco […]. Todos queremos encerrar esta guerra e parar a Rússia”;
Ursula von der Leyen – “Como mãe e avó, todas as crianças devem voltar às suas famílias. Essa deve ser uma de nossas principais prioridades nessas negociações”;
Keir Starmer – “Se conseguirmos avançar com as garantias de segurança e com uma reunião trilateral, então acho que hoje será visto como um dia muito importante nos últimos anos”;
Friedrich Merz – “Todos nós gostaríamos de ver um cessar-fogo. O mais tardar, a partir da próxima reunião. Não consigo imaginar que o próximo encontro se dê sem um cessar-fogo, então vamos trabalhar e tentar pressionar a Rússia. A credibilidade desses esforços que estamos empreendendo hoje depende, ao menos, de um cessar-fogo”;
Giorgia Meloni – “Depois de 3 anos e meio em que não vimos nenhum tipo de sinal do lado russo de que havia disposição para o diálogo, algo mudou graças a você [Trump]. […]Se quisermos alcançar a paz e garantir a justiça, temos que fazê-lo unidos”;
Emmanuel Macron – “A ideia de pelo menos parar com as mortes é uma necessidade e todos nós apoiamos isso. A fim de ter uma paz duradoura para a Ucrânia e para todo o continente, nós precisamos de garantias de segurança. A 1ª delas é, claramente, um Exército ucraniano confiável para os próximos anos e décadas”;
Alexander Stubb – “Nós encontramos uma solução em 1944 e tenho certeza de que vamos conseguir uma em 2025 para acabar com a agressão russa e conseguir uma paz justa e duradoura”;
Mark Rutte – “Temos que parar com a matança. Temos que parar com a destruição da infraestrutura da Ucrânia. Esta é uma guerra terrível”.
A reunião desta 2ª feira (18.ago) se deu 3 dias depois de Trump se reunir com o presidente da Rússia, Vladimir Putin (Independente) no Alasca, na 6ª feira (15.ago). O encontro terminou sem um acordo de cessar-fogo na guerra com a Ucrânia.
No entanto, Trump disse que a conversa foi “muito produtiva” e sinalizou para outros encontros no futuro. Putin sugeriu: “Da próxima vez, em Moscou”. Trump disse que será “um pouco criticado por isso”, mas que a ideia é “interessante” e “pode acontecer”.
Os 2 tiveram uma reunião bilateral a portas fechadas de cerca de 3 horas. A declaração a jornalistas durou 13 minutos. Nenhum dos 2 respondeu a perguntas de repórteres.
“Acredito que haja vários caminhos que podemos percorrer com negócios. Acho que podemos conseguir muitas coisas do nosso relacionamento. Nós tivemos agora uma conversa muito produtiva, houve muitos momentos positivos e há uma boa chance de chegar a um acordo. Nunca achamos que fosse fácil. Acredito que possamos ter outros encontros assim no futuro”, afirmou Trump.
“É importante que os 2 lados estejam interessados em avançar. Que seja o começo de uma solução para a Ucrânia, mas também um caminho para devolver o ritmo do caminho entre os EUA e a Rússia”, disse Putin.
Trump e Zelensky
Antes da reunião com líderes europeus, Trump e Zelensky tiveram uma reunião bilateral e uma entrevista a jornalistas. O presidente norte-americano declarou que seus objetivos principais são “garantir a paz” e “manter o Exército ucraniano forte” mesmo depois de um cessar-fogo. O republicano também voltou a culpar o ex-presidente Joe Biden (Partido Democrata) pelo conflito.
“Esta não é uma guerra minha, é uma guerra de Joe Biden”, declarou. Segundo Trump, os EUA “já lucraram bilhões” com venda de armamentos, mas seu governo “não quer mais lucrar com essa guerra”. O republicano afirmou que ligará para o presidente russo, Vladimir Putin (independente), que, segundo ele, também deseja um cessar-fogo.
Perguntado sobre os termos para aceitar um acordo, Zelensky afirmou que a Ucrânia precisa de “tudo”. Mencionou missões de treinamento conjuntas e compartilhamento de inteligência como componentes essenciais. Trump afirmou que “a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estará envolvida no processo de proteção à Ucrânia”, ainda que o país não entre oficialmente na organização.
O encontro desta 2ª feira (18.ago) entre Trump e Zelensky foi a 1ª entre os 2 líderes desde o início do novo ciclo de negociações para encerrar a guerra. A reunião dos presidentes em 28 de fevereiro terminou de forma hostil depois que o norte-americano disse que o ucraniano não estava pronto para negociar e “flertava com a 3ª Guerra Mundial”.
Durante a reunião, Zelensky contestou a declaração de Trump de que as cidades ucranianas foram “reduzidas a escombros” depois de 3 anos de guerra. O republicano rebateu, acusando o ucraniano de agir de forma “desrespeitosa” com os EUA.
Assista (4min26s):
“Você não está em uma boa posição… Está apostando com a vida de milhões de pessoas, está apostando com a 3ª Guerra Mundial… e o que está fazendo é muito desrespeitoso com este país, que o apoiou”, disse Trump, enquanto Zelensky cruzava os braços e tentava interrompê-lo. O ucraniano respondeu, afirmando que Trump adota uma postura mais branda em relação a Putin, o que irritou o presidente norte-americano.
Depois da reunião no Salão Oval, o republicano usou a rede social Truth Social para dizer que Zelensky não “estaria pronto para a paz”.