Edinho Silva, Rui Falcão, Romênio Pereira, Valter Pomar e Washington Quaquá disputam o cargo em eleição direta com filiados do partido em 6 de julho
Faltando menos de 2 meses para a eleição à presidência do PT (Partido dos Trabalhadores), 5 candidatos de perfis distintos disputam o cargo. A corrida, no entanto, tende a se polarizar entre o deputado Rui Falcão (SP) e o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva.
Depois de um hiato de 12 anos, o partido voltou ao formato de eleições diretas com votos dos filiados, o PED 2025 (Processo de Eleição Direta). O 1º turno está marcado para 6 de julho. O 2º, se necessário, será no dia 20 do mesmo mês.
O partido diz contar com quase 3 milhões de filiados. Poderão participar da votação todos que aderiram à legenda até 28 de fevereiro de 2025.
Nos pleitos anteriores, realizados em 2017 e 2019, a atual ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi eleita e reeleita presidente do PT com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio de votação híbrida.
EDINHO SILVA
Edinho Silva tem 59 anos. Estudou ciências sociais na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara e é mestre em engenharia de produção pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
O petista foi prefeito de Araraquara em 2 períodos: de 2001 a 2008 e de 2017 a 2024. Edinho foi ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo de Dilma Rousseff, de 2015 a 2016.
Ele é candidato pela corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), ala majoritária do PT que reúne o presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu, por exemplo. O próprio Lula tem manifestado apoio ao nome de Edinho em conversas com aliados.
A corrente, porém, vive uma disputa pelo controle de secretarias internas do PT, especialmente nas áreas de finanças e comunicação, pelas quais circulam o grosso do dinheiro dos fundos partidário e eleitoral.
Edinho quer indicar nomes para essas áreas em caso de vitória. A dissidência da CNB, ligada a Gleisi Hoffmann, pretende manter o controle sobre elas.
O ex-prefeito de Araraquara defende que é preciso ampliar as alianças políticas do governo. “Precisamos construir alianças políticas amplas, mas mantendo nossa identidade e protagonismo. O PT deve ser a espinha dorsal do campo democrático e popular”, disse em seu manifesto. Eis a íntegra (188 KB – PDF).
Edinho ainda não registrou a sua candidatura oficialmente.
RUI FALCÃO
O deputado federal, de 81 anos, é formado em direito pela USP (Universidade de São Paulo). Também foi deputado estadual por São Paulo.
Falcão comandou o PT nacionalmente em duas ocasiões: de 1993 a 1994 e de 2011 a 2017.
Tem ligações com integrantes da corrente Novo Rumo, mas é independente na disputa. É apoiado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e por alas da esquerda do partido, como a DS (Democracia Socialista).
Diferentemente de Edinho, critica o que chama de uma tentativa de “despolarização”, que, segundo ele, pode empurrar o partido para uma acomodação ao centro.
Dentre as suas propostas estão o apoio ao projeto que altera a escala de trabalho 6 X 1. O deputado defende principalmente uma reconexão do PT com sua base social.
ROMÊNIO PEREIRA
Romênio Pereira tem 65 anos e foi um dos fundadores do partido, em 1980. É secretário de Relações Internacionais da sigla.
O petista é alinhado à corrente Movimento PT, com apoio de dirigentes locais especialmente na região Norte do país.
Pereira defende que o partido fortaleça sua atuação nos pequenos e médios municípios do país, e não somente no cenário nacional.
VALTER POMAR
Formado em história e doutor em história econômica pela USP (Universidade de São Paulo), Valter Pomar tem 58 anos. É dirigente nacional do PT.
Valter representa a corrente Articulação de Esquerda. O petista é bem-visto por grupos que defendem o retorno à pauta socialista e a reformas estruturais, como a agrária.
Em entrevista ao site do PT, disse que a sigla está ameaçada não somente pelos “inimigos”, mas também por “erros e insuficiências” do próprio partido.
WASHINGTON QUAQUÁ
Washington Quaquá, de 54 anos, é prefeito de Maricá (RJ). Licenciou-se do cargo de deputado federal em 2024 para disputar as eleições municipais.
Quaquá é vice-presidente do partido. Ele integra uma dissidência da CNB, chamada Nova CNB-Favela, que se opõe a Edinho, em um desdobramento das divisões internas na própria corrente majoritária.
Em 9 de abril, o petista disse ao jornal O Globo que pretende dialogar com Romênio Pereira e Rui Falcão para tratar de uma possível aliança programática em um eventual 2º turno da eleição.
Quaquá lançará a sua candidatura na 3ª feira (13.mai), às 18h, no Circo Voador, na Lapa, bairro do Rio.
O petista defende manter o legado de Gleisi, mas não tem, por ora, o apoio público da ministra das Relações Institucionais do governo Lula.
Tem posições políticas controversas. Já chegou, por exemplo, a defender os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, acusados de mandar matar a vereadora do Rio Marielle Franco (Psol) em 2018.
A PRESIDÊNCIA HOJE
Gleisi Hoffmann comandou o PT de julho de 2017 a março de 2025, quando deixou o cargo para virar ministra de Lula.
Desde que entrou no governo, Gleisi não se envolveu publicamente na disputa interna pela sua sucessão no PT, apesar de ser incensada por Quaquá.
Atualmente, o partido é presidido interinamente pelo senador Humberto Costa (PE), alinhado a grupos da CNB que resistem a Edinho Silva.