Saiba quais obras literárias Cármen Lúcia citou em seu voto

Ministra do STF trouxe referências de autores mineiros e citou Maquiavel ao formar maioria pela condenação de Bolsonaro e mais 7 réus

A 1ª turma do STF (Supremo Tribunal Federal) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e 7 outros réus por tentativa de golpe de Estado e 4 outros crimes na 5ª feira (11.set.2025). Foram 5 dias de julgamento, com 4 votos pela condenação e 1 pela absolvição.

Responsável por formar a maioria no julgamento, a ministra Cármen Lúcia fez algumas referências literárias no decorrer do seu voto. Ela começou citando trechos do poema “Que país é este?”, do cronista Affonso Romano de Sant’Anna (1937-2025) . A obra do mineiro, publicada em 1980, inspirou a música homônima de Renato Russo.

“Uma coisa é um país, outra um fingimento. Uma coisa é um país, outra um monumento. Uma coisa é um país, outra o aviltamento”, recitou Cármen em seu voto. A ministra afirmou que na ação penal “pulsa o Brasil que me dói”.  Ela disse, também, que o processo é quase “um encontro do Brasil com o seu passado, com o seu presente e com o seu futuro”.

Depois, citou o livro História de um Crime, do escritor francês Victor Hugo (1802-1885). A obra relata o golpe de Estado de Napoleão 3º contra a República Francesa, em 1851. Ela destacou a seguinte passagem: “O mal feito para o bem continua sendo o mal, principalmente quando tem sucesso, porque se torna um exemplo e vai se repetir”.

Outra obra trazida por Cármen Lúcia foi o livro “A máquina do golpe”, da historiadora Heloísa Starling. A obra de 2024 recupera os eventos históricos que levaram ao golpe de Estado de 1964. A autora argumenta que um golpe de Estado começa antes do dia da manobra política, e persiste mesmo depois do final de uma ditadura.

Cármen Lúcia também fez uma referência ao filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469 -1527), apesar de não ter citado um livro específico do pensador. “Como Maquiavel disse, chegar ao poder é fácil, se manter nele é difícil”, declarou a ministra enquanto falava sobre o crime de golpe de Estado e sua consumação.

BOLSONARO CONDENADO

A 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) condenou Jair Bolsonaro (PL) em 11 de setembro de 2025 por 5 crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado. Votaram pela condenação do ex-presidente e dos outros 7 réus: Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente da 1ª Turma).

Luiz Fux foi voto vencido. O ministro votou para condenar apenas Mauro Cid e Walter Braga Netto por abolição violenta do Estado Democrático de Direito. No caso dos outros 6 réus, o magistrado decidiu pela absolvição.

Foram condenados:

Veja na galeria abaixo as penas e multas impostas a cada um:

Condenados do núcleo 1 da tentativa de golpe de Estado

Os 8 formam o núcleo 1 da tentativa de golpe. Foram acusados pela PGR de praticar 5 crimes: organização criminosa armada e tentativas de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, além de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-justica/saiba-quais-obras-literarias-carmen-lucia-citou-em-seu-voto/

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