Rezas em latim e moedas lacradas no caixão junto ao corpo estão entre os rituais simbólicos
O Vaticano detalhou nesta 5ª feira (24.abr.2025) como serão os ritos de despedida do papa Francisco, que será sepultado no sábado (26.abr.2025). Dentre os protocolos que marcam a cerimônia, estão rezas em latim, moedas fechadas no caixão junto ao corpo e a benção com água benta.
Na 6ª feira (25.abr) às 20h (horário local), será a cerimônia de fechamento do caixão do papa, na Basílica de São Pedro, presidida pelo cardeal Farrell, camerlengo da Igreja Romana. Francisco foi transladado na 4ª feira (23.abr) para a Casa Santa Marta, onde ficou exposto para os fiéis.
Serão feitos os seguintes rituais simbólicos:
o Mestre das Celebrações Litúrgicas cobre o rosto do papa com um véu de seda branca;
o corpo é regado com água benta;
são colocados no caixão uma bolsa com moedas e medalhas cunhadas durante o pontificado e o tubo com o rogito oficial;
o caixão de zinco é selado com símbolos e brasões papais, depois colocado dentro de um caixão de madeira.
Os atos seguem as normas do livro de ritos fúnebres do Vaticano, o Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, aprovado pelo papa em abril de 2024.
No sábado (26.abr), será celebrada a Missa das Exéquias, às 10h (horário local), que marca os 9 dias de luto pelo pontífice. A celebração será na Basílica de São Pedro, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.
Ao final da celebração, serão feitos os ritos da última Commendatio e da Valedictio —despedidas solenes que marcam o encerramento das exéquias. Em seguida, o caixão do Papa será levado novamente para o interior da Basílica de São Pedro e, de lá, transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será realizado o sepultamento.
Sepultamento do papa Francisco
Em uma ruptura com a tradição, o papa Francisco solicitou ser sepultado em um único caixão de madeira revestido de zinco, em vez do tradicional conjunto de 3 caixões. Também será o 1º papa em mais de um século a ser enterrado fora do Vaticano. No final de 2023, o pontífice revelou que já havia “preparado” seu túmulo na Basílica de Santa Maria Maior, no bairro Esquilino, em Roma (Itália).
Estas mudanças nos procedimentos funerários refletem a abordagem reformista que caracterizou o pontificado de Francisco, priorizando simplicidade e humildade mesmo em seus ritos finais.
Leia abaixo como é realizado o velório de uma papa e os detalhes de como será o funeral de Francisco:
MORTE DO PAPA FRANCISCO
O papa Francisco morreu na 2ª feira (21.abr.2025), aos 88 anos. O pontífice foi o 2º líder mais velho a governar a Igreja Católica em 700 anos. Sua morte foi confirmada pelo Vaticano:“Às 7h35 desta manhã [2h35 de Brasília], o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”.
Francisco sofria de problemas respiratórios. Em 2023, já havia passado 3 dias hospitalizado para tratar uma bronquite. Em março de 2024, não conseguiu um discurso durante uma cerimônia no Vaticano.
Argentino nascido na cidade de Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio foi internado em 14 de fevereiro de 2025 no hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, na Itália, para tratar uma bronquite, mas exames revelaram uma pneumonia bilateral.
Em 22 de fevereiro, o Vaticano afirmou que Francisco enfrentou uma crise prolongada de asma e precisou passar por uma transfusão de sangue e que ele “não estava fora de perigo”. Os exames realizados mostraram plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) associada à anemia, o que levou à necessidade da transfusão. O religioso teve alta em 23 de março e estava em recuperação. Sua última aparição pública foi no domingo (20.abr), na bênção de Páscoa.
ÚLTIMAS PALAVRAS
No domingo (20.abr.2025), fez uma aparição na varanda da Basílica de São Pedro, durante a celebração da Páscoa no Vaticano. Na cadeira de rodas e com dificuldades para falar, o sumo pontífice desejou uma “feliz Páscoa” aos fiéis.
Em seguida, passou a palavra para o mestre de cerimônias, o monsenhor Diego Giovanni Ravelli, que leu a mensagem “Urbi et Orbi” (“à cidade [de Roma] e ao mundo”) do papa. Ao final, fez a bênção diante dos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro.
Na mensagem, o papa exortou os políticos a não cederem “à lógica do medo” e fez um apelo ao desarmamento. “A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se em uma corrida generalizada ao armamento”, afirmou.
O CONCLAVE
Com a morte de Francisco, os cardeais iniciarão o conclave –termo de origem no latim “cum clave”, que significa “com chave”– para a escolha do 267º papa. O ritual, que remonta ao século 13, é realizado na Capela Sistina, no Vaticano, onde cardeais com menos de 80 anos se reúnem para eleger o novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana. A quantidade de cardeais pode variar desde que não ultrapasse o limite de 120.
Para ser eleito, um candidato precisa receber 2/3 dos votos. O resultado é transmitido ao público presente no Vaticano e ao mundo por meio de uma fumaça que sai de uma chaminé no telhado da Capela Sistina. Ela é produzida pela queima das cédulas de votação com produtos químicos para dar a cor desejada. A fumaça preta significa que o papa não foi escolhido e a votação seguirá.
Quando um cardeal recebe os votos necessários, o decano do Colégio de Cardeais pergunta se ele aceita a posição. Em caso afirmativo, o eleito escolhe seu nome papal e as cédulas são queimadas com os químicos que produzem a fumaça branca, que comunicará a escolha do novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana.
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