Segundo a organização, imagens confirmam que María Corina Machado foi retida e logo liberada após ato contra posse de Maduro; assista a vídeos
A HRW (Human Rights Watch) qualificou nesta 4ª feira (22.jan.2025) como “consistentes” os relatos da líder da oposição venezuelana María Corina Machado sobre sua breve retenção durante protesto em Caracas contra Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda). O ato foi realizado em 9 de janeiro, às vésperas da posse do presidente da Venezuela para o seu 3º mandato.
Em seu perfil no X (ex-Twitter), Juanita Goebertus, diretora da divisão das Américas da HRW, informou que a entidade internacional pelos direitos humanos verificou vídeos e fotografias que comprovam a interceptação de Machado no município de Chacao.
“A Human Rights Watch verificou três vídeos que mostram integrantes da divisão motorizada da polícia no protesto e nos arredores”, escreveu.
No relato, Goerbetus escreve que, em 9 de janeiro, aproximadamente às 14h20 (horário de Caracas), Machado participou de uma manifestação de opositores em repúdio à posse de Maduro. Corina foi impedida de concorrer ao pleito após ter confirmada sua proibição de ocupar cargos públicos por 15 anos.
A diretora da HRW lembra que a participação da líder da oposição no ato havia sido a sua “1ª aparição pública depois de passar meses escondida para evitar sua prisão”.
Segundo Goerbetus, um dos vídeos verificados pela HRW “mostra os policiais abrindo espaço na multidão com as motocicletas”. Em uma fotografia, seria possível indicar, pelo relógio usado pelo policial, que eram 15h10 (horário de Caracas).
Assista ao vídeo (1min28s):
Uno de los videos muestra a los policías abriéndose paso entre la multitud en motocicletas.
El reloj de un policía indica que eran las 3:10 p.m. pic.twitter.com/2YU1MLyFg4
— Juanita Goebertus (@JuanitaGoe) January 22, 2025
Goerbetus mostra, então, um 2º vídeo com “alguns policiais da mesma divisão se dirigindo à leste pela avenida Libertador”, via próxima ao local do protesto.
Assista ao vídeo (1min31s):
Otro video muestra a algunos policías de la misma división dirigiéndose hacia el este por la Avenida Libertador, cerca de la protesta. pic.twitter.com/O4zSAJrvps
— Juanita Goebertus (@JuanitaGoe) January 22, 2025
Em um 3º vídeo, filmado por volta de 16h (horário de Caracas), de acordo com a HRW, aparecem “homens em motocicletas próximos do distribuidor de Altamira [ponte em Caracas]. Eles estão interceptando outra moto com 2 pessoas, a 1 km do local onde ocorreu o protesto”.
Assista ao vídeo (12s):
También verificamos un video, filmado aproximadamente a las 4 p.m., que muestra a algunos hombres en motocicletas cerca del distribuidor de Altamira.
Estos están interceptando otra motocicleta con dos personas, a 1 km del lugar donde ocurrió la protesta. pic.twitter.com/7IF5DMavXU
— Juanita Goebertus (@JuanitaGoe) January 22, 2025
Goerbetus apresenta, por fim, uma fotografia, tirada em local que a organização não pôde identificar, que mostra os mesmos homens, 1 deles com o uniforme da divisão motorizada da polícia. “É possível ver Machado na foto”, afirmou.
A diretora da HRW conclui que as imagens “são consistentes com os relatos dos fatos feitos por Machado. Ela disse que integrantes da polícia a levaram, a obrigaram a gravar um vídeo e a liberaram”.
CRISE NA VENEZUELA
No dia 9 de janeiro, a oposição venezuelana informou por meio de seu perfil no X (ex-Twitter), que Corina havia sido retida depois de participar da manifestação em Caracas que reuniu milhares de pessoas. Cerca de 1h depois, sua liberação foi confirmada. Segundo a oposição venezuelana, Corina “foi interceptada e derrubada da moto em que estava” usando para sair do ato.
Em um dos vídeos que circularam nas redes sociais, Corina afirmava estar bem. “Estou bem, estou segura. Hoje é 9 de janeiro e participamos de uma concentração maravilhosa. Fui empurrada, minha bolsa caiu, a bolsinha azul onde estavam meus pertences caiu na rua, mas estou viva”, disse no registro.
As eleições presidenciais realizadas na Venezuela de julho de 2024 foram contestadas pela oposição e por parte da comunidade internacional. O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) do país, controlado pelo governo, anunciou a vitória de Maduro sobre o opositor Edmundo González (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita) sem, contudo, divulgar os boletins de urnas com os resultados.
Após 20 dias, o Tribunal Supremo de Justiça venezuelano, controlado pelo regime, confirmou que os boletins não seriam divulgados.
Segundo o CNE, Maduro teve 51,2% dos votos nas eleições de julho de 2024 contra 44% de González. No entanto, os opositores afirmam que o adversário do presidente teria obtido ao menos 67% dos votos nas urnas.
A União Europeia e vários países individualmente, recusaram-se reconhecer a vitória de Maduro em razão das acusações de fraude. O Brasil e a Venezuela passaram por um período de tensão diplomática quando o governo brasileiro solicitou a divulgação dos boletins de urna com os resultados. Lula não compareceu à posse de Maduro. A representação brasileira ficou a cargo da embaixadora em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira.
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