Complexo penitenciário também recebeu visita do papa; deputada será interrogada pela Justiça italiana na 6ª feira (1º.ago)
O presídio para o qual a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi levada na Itália tem superlotação, abrigou terrorista e até inspirou um livro. A congressista está na penitenciária Germana Stefanini, parte do complexo de Rebibbia, desde 3ª feira (29.jul.2025).
Zambelli deixou o Brasil em junho depois de ser condenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 10 anos de prisão por participação na tentativa de invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Em 5 de junho, a deputada foi incluída na lista vermelha da Interpol e passou a ser procurada em 196 países. Será interrogada pela Justiça italiana na 6ª feira (1º.ago.2025).
Com cerca de 2.000 detentos, o complexo de Rebibbia é dividido em 4 seções principais: o Novo Complexo Raffaele Cinotti, a Terceira Casa, a Casa de Reclusão e o Germana Stefanini. Na unidade feminina, estão 369 mulheres, 37,1% acima da capacidade.
Foto: Reprodução/Vatican News
Papa Francisco na capela instalada dentro de complexo penitenciário de Rebibbia
O complexo Rebibbia recebeu visita do Papa Francisco em 26 de dezembro de 2024. Na ocasião, o pontífice celebrou missa na capela do presídio e abriu uma “porta santa” como parte do jubileu de 2025. Foi a 1ª vez que este rito católico foi realizado dentro de uma prisão. A visita incluiu uma missa íntima para cerca de 100 detentos, agentes penitenciários, capelães, voluntários e familiares.
O presídio Germana Stefanini ficou conhecido por inspirar a obra “A Universidade de Rebibbia”, escrita por Goliarda Sapienza em 1983. A escritora e atriz italiana, nascida em 1924 em Catânia, ficou presa no local por cerca de 1 mês em 1980, depois de furtar joias de uma amiga rica durante uma crise pessoal e financeira.
Em 2009, o presídio ganhou manchetes quando Diane Melazzi, ex-integrante das Brigadas Vermelhas —organização armada de esquerda ativa durante os “Anos de Chumbo” na Itália— foi encontrada morta em sua cela com sinais de enforcamento. Melazzi cumpria pena perpétua na ala de alta segurança por envolvimento em atos considerados terroristas pela justiça italiana.
Construído nos anos 1950 e administrado por freiras até 1979, o presídio Germana Stefanini possui 171 celas distribuídas em duas alas grandes e 4 menores. A estrutura conta com áreas verdes, campos esportivos, teatro, academia, biblioteca e espaço para cultos religiosos, além de um setor específico para mães com filhos pequenos. Entre as detentas, 30,8% são estrangeiras.
A maior seção do presídio, chamada “Camerotti”, tem 3 andares e acolhe detentas de segurança média, recém-chegadas e à espera de julgamento. Há 12 celas por andar, com 2 beliches e banheiro, sendo o chuveiro compartilhado por andar.
Reprodução/Amazon
Livro “A Universidade de Rebibbia”, escrito pela atriz Goliarda Sapienza
ENTENDA
Zambelli foi condenada em 14 de maio, por unanimidade da 1ª Turma do STF, pelos crimes de falsidade ideológica e invasão de dispositivo informático qualificada. A pena total é de 10 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, além de 200 dias-multa e indenização de R$ 2 milhões por danos morais coletivos.
Em 4 de junho, Moraes decretou a prisão da deputada depois de ela anunciar que havia deixado o Brasil. O ministro ainda determinou a inclusão de Zambelli na difusão vermelha da Interpol e bloqueou seus passaportes, contas bancárias, investimentos, veículos, imóveis e redes sociais.
Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-congresso/presidio-de-zambelli-tem-superlotacao-e-inspirou-livro/