Antes das declarações em Davos, José Raúl Mulino enviou carta à ONU repudiando novas ameaças de Trump
O presidente panamenho, José Raúl Mulino, voltou a afirmar nesta 4ª feira (22.jan.2025), durante painel no Fórum Econômico Mundial de Davos, que o canal do Panamá pertence ao seu país e “não foi uma concessão ou um presente dos Estados Unidos”. A fala se dá depois de sucessivas declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, de que os EUA retomarão o controle da hidrovia.
Na 3ª feira (21.jan), o jornal The New York Times divulgou o conteúdo de uma carta formal enviada por Mulino ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e ao Conselho de Segurança da ONU. No texto, datado de 20 de janeiro, repudiou as declarações de Trump, que, no seu discurso de posse, voltou a acusar o Panamá de entregar o controle do canal à China.
“Eu devo rejeitar inteiramente as palavras expressas pelo presidente Donald Trump em relação ao Panamá e ao seu canal em seu discurso de posse […] o canal é e continuará a ser do Panamá”, disse.
Mulino já havia rebatido Trump na 2ª feira (20.jan), em comunicado publicado no X (ex-Twitter). O presidente panamenho negou que houvesse interferências externas na administração da hidrovia. Trump alega que “a China está operando” o canal do Panamá e que os navios norte-americanos “não estão sendo tratados de forma justa”.
O canal do Panamá começou a ser construído pela França em 1880. No entanto, a alta complexidade do projeto e o alto índice de mortalidade dos trabalhadores levou o governo francês a interromper a obra.
Em 1904, os Estados Unidos assumiram o projeto, implementando medidas de controle de doenças e adotando um sistema de eclusas (espécie de elevador para navios) para driblar os problemas causados pelo terreno irregular. Após uma década de trabalho, o canal foi inaugurado em 1914, permanecendo sob administração norte-americana até o final do século.
A soberania dos EUA sobre o canal, porém, criou um descontentamento entre os panamenhos, resultando em protestos e tensões diplomáticas. Em resposta, os presidentes Jimmy Carter e Omar Torrijos assinaram, em 1977, os tratados Torrijos-Carter, estabelecendo a transferência gradual do controle do canal para o Panamá.
Em 31 de dezembro de 1999, o Panamá assumiu plenamente a administração do canal, considerado uma das maiores obras da engenharia moderna.
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