Mesmo tendo ficado em 2º lugar no pleito geral, partido de Pedro Sánchez fechou acordos que garantiram maioria no parlamento
A deputada Francina Armengol, do PSOE (Partido Socialista da Espanha), foi eleita nesta 5ª feira (17.ago.2023) presidente do Congresso da Espanha. Apesar de o partido do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, ter ficado em 2º lugar nas eleições gerais, obteve maioria no Congresso por meio de acordos com diversas siglas.
Armengol recebeu 178 votos dos 350 deputados, abrindo caminho para a recondução de Sánchez para o cargo.
Agora, o chefe de Estado, o Rei Felipe 6º, fará audiências com os partidos representados no Congresso e indicará um candidato a premiê. Na sequência, o nome terá de ser aprovado pelos deputados.
ELEIÇÕES GERAIS
O partido de direita PP (Partido Popular), liderado por Alberto Núñes Feijóo, venceu as eleições gerais na Espanha, mas não conseguiu formar maioria para governar.
O pleito de 23 de julho colocou em disputa as 350 cadeiras do Congresso dos Deputados, assim como 208 das 265 cadeiras do Senado. No sistema parlamentar espanhol, os partidos políticos apresentam uma lista de candidatos a deputados. Os eleitores votam nas legendas. Depois das eleições, verifica-se a proporção de votos que cada sigla recebeu e chega-se ao número de cadeiras que serão ocupadas pelo partido. A exceção são os senadores, únicos eleitos por voto direto.
Leia o resultado:
O atual governo de Pedro Sánchez foi formado a partir das eleições de novembro de 2019. Consiste em uma coalizão de esquerda entre o PSOE e a coligação Unidas Podemos. Isso se deu porque o partido de Sánchez não conseguiu maioria absoluta para eleger sozinho um candidato a primeiro-ministro, precisando se unir ao Podemos. Essa foi a 1ª coalizão governamental formal na política espanhola desde o fim do franquismo, em 1975.
Com 47,2 milhões de habitantes, a Espanha tem um PIB (Produto Interno Bruto) per capita de € 24.580 –inferior ao da UE (União Europeia), de € 28.840.
ELEIÇÕES ANTECIPADAS
As eleições na Espanha estavam previstas inicialmente para dezembro de 2023. Em 29 de maio, porém, Sánchez decidiu antecipar o pleito. O primeiro-ministro justificou a decisão com o fraco desempenho de sua coalizão de esquerda nas eleições locais e regionais.
Dentre as 12 regiões autônomas da Espanha que estavam em jogo, 10 eram governadas pelo PSOE, mas só 4 permaneceram sob comando da sigla depois das eleições de 28 de maio. O PP levou a maioria. “Os espanhóis devem esclarecer quais forças políticas querem assumir a liderança”, disse o primeiro-ministro depois do anúncio dos resultados.
O PSOE é o partido que governou a Espanha por mais tempo desde que o país teve suas primeiras eleições democráticas, em 1977, depois da morte do ditador Francisco Franco (1907-1975). Em 40 anos de eleições livres, a Espanha era um dos únicos países na Europa onde ainda não havia a presença representativa de um partido populista de direita no Parlamento. Esse fenômeno, que ficou conhecido como “exceção espanhola”, chegou ao fim com a ascensão do Vox em 2018.