Padilha deve assumir Saúde e Pacheco pode ficar com Indústria

Lula iniciou as negociações para mudar a composição de seus ministérios; aliados dizem que presidente não pode cometer erros e precisa definir os nomes para liberar a votação do Orçamento

A possível ida do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) para o Ministério da Saúde ganhou força em Brasília nos últimos dias. Responsável pela articulação política do governo, Padilha substituiria a ministra Nísia Trindade.

Outra mudança que tem chances de ser definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é a indicação do agora ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, no lugar do vice-presidente Geraldo Alckmin.

As eleições para o comando da Câmara e no Senado no sábado (1º.fev.2025) voltaram a movimentar a bolsa de apostas da reforma ministerial. Há incertezas entre os principais aliados de Lula sobre quando as mudanças deverão ser anunciadas, mas o Congresso cobra a definição da nova Esplanada para votar o Orçamento de 2025.

A exigência tem caráter pragmático. Os partidos precisam saber como fica a divisão de poder antes de definir o orçamento de cada ministério. O Planalto, porém, tem pressa para liberar os recursos.

Sem ter a peça orçamentária aprovada, o governo só pode gastar 1/12 do que consta da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) por mês até que a lei orçamentária seja aprovada e sancionada. Ainda assim, o relator da LOA (Lei Orçamentária Anual), o senador Angelo Coronel (PSD-BA), disse acreditar que a votação da proposta fique para depois do Carnaval, em março.

Padilha, que é o responsável pela articulação política do governo, tem influência no Ministério da Saúde. Também já foi seu titular de 2011 a 2014, no governo de Dilma Rousseff. O PT não quer perder o comando do ministério, que tem um dos maiores orçamentos da Esplanada. Embora Nísia não seja filiada a nenhum partido, todas as secretarias são comandadas por petistas.

A vaga de Padilha na Secretaria de Relações Institucionais é cogitada para continuar sob o comando do PT. São aventados os nomes do líder do Governo na Câmara, José Guimarães (CE), e do líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (BA). Também são considerados para o cargo o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), e o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Integrantes do governo, no entanto, avaliam que a permanência de Padilha na articulação política poderia ser positiva, já que o ministro tem boa relação com os novos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A situação é diferente da enfrentada por Padilha com o agora ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que rompeu relações com o ministro.

No caso de Pacheco, a sua ida para um ministério de Lula tem objetivo eleitoral. O petista quer projetar o senador para que ele se lance candidato ao governo de Minas Gerais em 2026. Lula precisa de um bom palanque no Estado, que tem o 2º maior colégio eleitoral do país.

O presidente da República também quer se aproximar da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), mais próxima de políticos da direita, como o governador mineiro, Romeu Zema (Novo).

O Poder360 apurou que Pacheco entra em férias nos próximos dias. Deve viajar para os Estados Unidos, onde mora seu irmão. Somente quando voltar, definirá seu destino político.

Lira também tem tido seu nome cogitado para assumir o Ministério da Agricultura, no lugar de Carlos Fávaro (PSD). Publicamente, evita falar sobre o tema e diz ainda que não recebeu nenhum convite de Lula.

A interlocutores, porém, tem sinalizado que pode não aceitar ir para o governo porque avalia que a definição da Esplanada deve estar diretamente ligada às eleições de 2026. O ex-presidente da Câmara tem dito que os partidos que entrarem na 2ª fase do Lula 3 devem se comprometer com apoio à reeleição do petista no próximo pleito.

Porém, em entrevista ao jornal O Globo, Lira disse que o PP não tem decisão clara sobre qual lado deverá apoiar em 2026. O deputado também avalia disputar uma vaga no Senado em 2026, por isso precisa ter cautela ao aceitar embarcar no governo.

Como mostrou o Poder360 em dezembro de 2024, o PP é um dos partidos que quer mais espaço na Esplanada. Há, entretanto, uma discordância dentro do próprio partido, que não quer que a sigla do Centrão fique “neutra” diante das eleições de 2026. O presidente nacional da legenda, o senador Ciro Nogueira (PI), foi ministro da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e é um crítico contumaz da administração petista.

A deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), deve assumir a Secretaria Geral da Presidência, indo para o lugar de Márcio Macêdo (PT). O atual ministro deve assumir o comando do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Lula já acertou a mudança com a congressista, mas diz publicamente que ainda não há nada definido. A deputada reitera que não há definição e que, se houver, ainda aguarda um convite oficial do chefe do Executivo.

A ida de Gleisi para a Secretaria Geral anteciparia sua saída do comando do PT. José Guimarães poderia sucedê-la temporariamente até a realização das eleições internas, marcadas para 6 de julho. Se o líder do Governo vier a ser indicado a um ministério, o senador Humberto Costa (PE) poderia comandar o PT no 1º semestre.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-governo/padilha-deve-assumir-saude-e-pacheco-pode-ficar-com-industria/

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