“Não queremos guerra na América do Sul”, diz Lula

Em reunião do Mercosul, presidente propôs declaração conjunta pela paz e pediu que escalada de tensão entre Venezuela e Guiana seja mediada por Celac e Unasul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse não querer uma guerra na América do Sul diante da escalada da tensão entre a Venezuela e a Guiana, que fazem fronteira com a região Norte do Brasil. Lula deu a declaração no início de seu discurso na abertura da 63ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul nesta 5ª feira (7.dez.2023)

“Coisa que não queremos na América do Sul é guerra. Não precisamos de guerra, de conflito. Precisamos construir a paz. Só assim poderemos melhorar nosso país”, afirmou.

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O presidente também afirmou que o Brasil acompanha as iniciativas da Venezuela de anexar parte do território da Guiana com “crescente preocupação” e que o Mercosul não pode ficar “alheio a essa situação”.

Lula pediu aos demais integrantes do bloco (Argentina, Paraguai, Uruguai e a Bolívia, que está em processo de adesão) que concordassem com uma declaração conjunta construída pelas chancelarias dos países para reafirmar a região como uma zona pacífica e de cooperação.

“Não queremos que essa controvérsia constitua ameaça à paz e à estabilidade”, disse.

O presidente brasileiro sugeriu ainda que a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) sejam as instâncias diplomáticas usadas para intermediar a tensão entre os 2 países.

“Brasil e Itamaraty também estão à disposição para sediar quantas reuniões forem necessárias”, disse.

ENTENDA O CONFLITO

A Venezuela anunciou no domingo (3.dez) que mais de 95% dos eleitores aprovaram um referendo para a criação do Estado de Essequibo, que corresponde a 74% do território da Guiana. A medida, de caráter consultivo, foi anunciada por Maduro em 10 de novembro.

A disputa entre os países, que dura mais de 1 século, está relacionada à região de Essequibo ou Guiana Essequiba. O local tem 160 mil km² e é administrado pela Guiana. A área representa 74% do território guianês, é rica em petróleo e minerais, e tem saída para o Oceano Atlântico.

A Corte Internacional de Justiça, em Haia, decidiu que a Venezuela não pode tomar medidas para anexar a região. A Guiana também informou que acionará o Conselho de Segurança da ONU para debater a situação.

Mesmo assim, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, determinou a distribuição de um “novo mapa da Venezuela” com a área incorporada por estabelecimentos do país. O Ministério Público da Venezuela também emitiu mandados de prisão contra líderes políticos da oposição que teriam supostamente interferido no referendo.

Com a tensão na fronteira, o Exército brasileiro determinou o deslocamento de 16 viaturas blindadas para Pacaraima e Boa Vista, em Roraima, enquanto monitora o acirramento da disputa.

Fonte: https://www.poder360.com.br/governo/nao-queremos-guerra-na-america-do-sul-diz-lula/

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