Foram registradas 856 vítimas em 7 dias; foi a 3ª maior alta nas mortes de palestinos desde o fim da trégua entre Israel e Hamas, em março
O número de palestinos mortos na Faixa de Gaza pela guerra entre Israel e o Hamas cresceu 65% entre 25 de junho e 2 de julho de 2025. O número saltou de 519 mortes de 18 a 25 de junho para 856 na última semana —aumento de 337 vítimas. Os dados são da Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários), com base em números do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Os dados não podem ser verificados de forma independente. Eis a íntegra do relatório (PDF – 606 kB, em inglês).
A média semanal de mortes no conflito desde o fim do cessar-fogo entre Israel e Hamas, que durou de janeiro a março, é de 562. No relatório mais recente divulgado na última 4ª feira (2.jul), o total semanal ficou 52% acima da média. O aumento coincide com o anúncio das FDI (Forças de Defesa de Israel) de que a guerra em Gaza voltaria a ser a prioridade de Tel Aviv depois do armistício entre Israel e o Irã, anunciado em 24 de junho.
Desde o ataque do Hamas a civis israelenses, em 7 de outubro de 2023, a Ocha registra mais de 58.212 mortes no conflito. Dessas, 57.012 são de palestinos (até 2 de julho de 2025). Desse total, 55.202 foram identificadas. São elas:
818 homens;
126 mulheres;
121 crianças;
137 idosos.
O levantamento do Poder360 foi feito com base em relatórios semanais da OCHA desde o fim do armistício com o Hamas, em 18 de março. Os documentos apresentam números cumulativos de fatalidades, classificados por grupos populacionais, mas sem detalhamento das causas específicas das mortes. As mortes são atribuídas a circunstâncias de guerra.
CRESCEM AS ZONAS MILITARES EM GAZA
Desde o fim do cessar-fogo, a área da Faixa de Gaza sob controle militar israelense passou de 65% para 85% do território, um aumento de 20 pontos percentuais. No relatório mais recente, 310,25 km² dos 365 km² totais de Gaza estavam sob controle israelense.
As zonas militares são delimitadas pelas FDI durante ofensivas. Nelas, há acesso restrito a civis, jornalistas e agências humanitárias. São utilizadas para proteger posições estratégicas, estabelecer corredores de segurança e isolar áreas de combate.
Organizações internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a HRW (Human Rights Watch) criticam o uso dessas zonas, alegando que funcionam como mecanismo de punição coletiva e violam o direito internacional humanitário. As principais denúncias incluem deslocamento forçado em massa, destruição de áreas residenciais e bloqueios ao acesso de ajuda humanitária.
Em 23 de maio de 2025, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou em comunicado à imprensa que a população de Gaza corre o risco de enfrentar uma fome generalizada por causa da escassez de alimentos e da falta de acesso humanitário. Disse que a atual fase do conflito seria “provavelmente” a mais cruel, com “níveis atrozes de morte e destruição”.
ISRAEL X HAMAS
O atual conflito entre Israel e o Hamas teve início em 7 de outubro de 2023, quando militantes do grupo extremista realizaram um ataque coordenado em território israelense, matando civis e militares.
Em resposta, Tel Aviv iniciou uma ofensiva militar em larga escala na Faixa de Gaza, com o objetivo declarado de eliminar a presença do Hamas no enclave. O confronto marcou a retomada de combates diretos depois de anos de bloqueio e tensões intermitentes.
O Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e UE (União Europeia). Governa a Faixa de Gaza desde 2007, depois de disputa interna com a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia. O grupo mantém um braço armado ativo e realiza táticas e treinamentos militares.
A guerra já causou dezenas de milhares de mortes e deslocamentos forçados em massa. A ONU, o CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha) e outras entidades apontam violações sistemáticas de direitos civis e humanitários por parte de Israel.
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