Governo estuda aumentar subsídio e diminuir impostos para abaixar os preços dos itens; Haddad havia dito que não tinha intenção de usar “espaço fiscal”
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta 6ª feira (24.jan.2025) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer um “novo Plano Safra” para estimular a produção de alimentos básicos e tentar baratear esses itens. Em 2024, o petista lançou o pacote para o ciclo de produção 2024/2025 com valor recorde, acima de R$ 475,5 bilhões.
“O presidente determinou que a gente comece a discutir medidas de estímulo, um novo Plano Safra, que estimule mais os alimentos na mesa da população. É partir disso, então, que nós vamos se debruçar. Além disso, levar mais tecnologia, principalmente, para os pequenos produtores para que eles possam aumentar a produtividade e, com isso, conter a inflação dos alimentos”, disse Fávaro a jornalistas.
Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, uma das medidas estudadas para abaixar os preços dos alimentos é aumentar o subsídio no Plano Safra e oferecer ao pequeno e médio produtor “crédito acessível e barato”.
“Nós diminuímos os juros para os alimentos. O esforço é para aumentar a produtividade do pequeno e médio agricultor para que a comida chegue barata na mesa do povo”, afirmou.
O chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou ainda que o governo considera diminuir os impostos de alimentos exportados para que os preços caiam no mercado interno.
Lula convocou ministros para uma reunião sobre o tema no Palácio do Planalto nesta 6ª feira (24.jan). Participaram Rui Costa (Casa Civil), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Carlos Fávaro (Agricultura) e Fernando Haddad (Fazenda).
As medidas anunciadas por Paulo Teixeira e Carlos Fávaro, no entanto, contrariam declaração de Haddad, chefe da equipe econômica.
O ministro havia dito na 5ª feira (23.jan) que o governo não tinha intenção de usar “espaço fiscal” para baratear os preços dos alimentos. Se forem criados novos subsídios, como sinalizou o titular da Agricultura, haverá impacto no Orçamento.
Os subsídios são incentivos fiscais ou auxílios financeiros concedidos pelo poder público para algum segmento da sociedade. Normalmente, o objetivo é movimentar determinado setor econômico. Por exemplo, redução de algum imposto para as empresas poderem contratar mais funcionários.
Segundo Teixeira, o presidente Lula disse querer que “o dinheiro seja destinado ao trabalhador, que tenha benefício desse valor”.
“A Fazenda vai estudar medidas para que, num prazo bem curto, apresentar uma proposta ao presidente”, afirmou.
PREÇOS DE ALIMENTOS
O ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Paulo Teixeira, disse na 5ª feira (23.jan) que a possibilidade de intervenção do governo Lula nos preços dos alimentos foi um equívoco na comunicação.
“Isso aí já foi corrigido […] O presidente [Lula] já falou e já afastou a possibilidade de intervenção. A Casa Civil já esclareceu sobre tudo”, declarou.
A declaração se deu em resposta ao chefe da Casa Civil, Rui Costa, que, na 4ª feira (22.jan), em participação no programa “Bom Dia, Ministro”, do CanalGov, afirmou que o governo federal implementaria um “conjunto de intervenções” para baratear os itens.
Mais tarde, à CNN Brasil, Rui Costa recuou e afirmou que a administração petista prepara um pacote de “medidas”, não de “intervenção”. No entanto, não deu detalhes de quais seriam essas iniciativas e nem prazo para serem implementadas.
A inflação de alimentos em domicílios atingiu 8,23% em 2024. A taxa desacelerou em dezembro no acumulado de 12 meses depois de ter uma longa sequência de alta ao longo de ano passado.
A alta de preços dos produtos do setor foi um dos motivos para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ter ficado de fora da meta do BC (Banco Central), que é de 3%, com tolerância de até 4,5%. A inflação fechou 2024 a 4,83%.
O Poder360 já mostrou que as carnes tiveram forte impacto na inflação do Brasil. Subiram 20,84% em 2024 e aumentaram a inflação em 0,52 ponto percentual.
Além das carnes, a inflação de alimentos em domicílios foi impactada pelo encarecimento do café moído (+39,60%), do leite longa vida (+18,83%) e das frutas (+12,12%).
Esta reportagem foi escrita pelo estagiário de jornalismo Davi Alencar sob a supervisão da editora-assistente Isadora Albernaz.