O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (14), que “ninguém vai proibir o Brasil de aprimorar sua relação com a China”.
A declaração foi dada diante do presidente da China, Xi Jinping, em um encontro no Grande Palácio do Povo, sede do governo chinês, em Pequim.
Um dia após visitar a fábrica da gigante de tecnologia chinesa Huawei, que é banida ou restrita por países ocidentais, o presidente brasileiro tentou reafirmar uma posição de independência em relação à política externa e não alinhamento com nenhuma das forças internacionais.
“Ontem fizemos visita à Huawei em uma demonstração que queremos dizer ao mundo que não temos preconceito com o povo chinês. E que ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China”, disse Lula.
Lula esteve no centro tecnológico durante a madrugada desta quinta (13), no horário de Brasília — o que equivale ao período da tarde em Xangai – e não falou com a imprensa.
O presidente não falou com a imprensa. No Twitter, ele disse que a empresa fez uma apresentação sobre o 5G e soluções em telemedicina, educação e conectividade.
Visitei o centro de desenvolvimento de tecnologias da Huawei. A empresa fez uma apresentação sobre 5G e soluções em telemedicina, educação e conectividade. Um investimento muito forte em pesquisa e inovação.
📸: @ricardostuckert pic.twitter.com/d3AHmcda1U
— Lula (@LulaOficial) April 13, 2023
A agenda do petista na China tem gerado incômodo junto a diplomatas americanos, segundo relatos feitos à CNN.
O analista de internacional da CNN Lourival Sant’Anna destacou que a Huawei foi banida pelos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia. A Alemanha estuda fazer o mesmo.
Outros países adotaram restrições pontuais, de gerações de equipamentos ou para determinadas empresas, como foi o caso da TIM italiana.
“A empresa chinesa alega que é privada. Entretanto, não há empresa chinesa grande que não tenha em seu conselho de administração funcionários do Partido Comunista Chinês. Mesmo que o Brasil não compartilhe as preocupações desses países com o risco de invasão de privacidade e de controle dos cidadãos pelo governo chinês, há um segundo risco”, escreveu Lourival.
Presidente Lula durante a visita na Huawei / Ricardo Stuckert
“Os Estados Unidos estão cerceando o acesso de empresas chinesas e componentes de tecnologia estratégica, como semicondutores (chips). Há o risco de descontinuidade na cadeia de valores dos produtos da Huawei, que poderia comprometer as operadoras de telefonia que os utilizam. Foi por isso que o lucro líquido da Huawei caiu 69% no ano passado”, acrescentou.
“A visita de Lula à Huawei ergue uma bandeira vermelha para os Estados Unidos”, disse Evan Medeiros, especialista em relações EUA-China da Universidade Georgetown, em Washington, em um webinar promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) nessa quinta-feira (13).
Medeiros, que foi o principal assessor da Casa Branca sobre Ásia-Pacífico no governo de Barack Obama, ponderou que a estratégia de extrair o máximo de vantagens das relações com os EUA e a China é compreensível, mas requer muita “sofisticação”.
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