Juro do consignado sobe e supera 50% com Crédito do Trabalhador

Subiu 14,73 pontos percentuais desde o anúncio do programa do governo; Caixa cobrou 29,09% ao ano em junho

A taxa média de juros do crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada atingiu 55,59% ao ano em maio. Subiu 14,73 pontos percentuais em relação a fevereiro, mês anterior ao anúncio do Crédito do Trabalhador, programa do governo para baratear os juros cobrados.

Dados do Banco Central mostram que, em junho, a Caixa Econômica Federal cobrava a menor taxa entre os grandes bancos: 28,09% ao ano. O levantamento considera as taxas negociadas de 13 a 20 de junho. O Banco do Brasil cobrou taxa de 45,41% ao ano, patamar ainda abaixo da média de mercado.

As taxas foram divulgadas pelo Banco Central. Leia a íntegra (PDF – 91 kB). Os juros podem atingir até 122,19% ao ano, como é o caso do Valor S/A Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento.

Leia no infográfico abaixo taxas cobradas pelas principais instituições financeiras no período de 13 a 20 de junho.

O Crédito do Trabalhador permite que brasileiros com carteira assinada usem 10% do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia nas operações de crédito consignado. Podem usar também a multa rescisória, que equivale a 40% do saldo do FGTS, em caso de demissão sem justa causa.

As parcelas do empréstimo são descontadas diretamente na folha de pagamento. As instituições financeiras retêm os recursos sem a intermediação das empresas do contratante da operação. A medida serve para tornar o crédito mais acessível, segundo o governo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta do governo era revolucionária e permitiria diminuir os juros pela metade. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, esperava uma taxa próxima à das aplicadas aos aposentados e funcionários públicos.

O Poder360 mostrou que, em maio, a taxa média do crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada registrou o maior patamar da série histórica, iniciada em 2011.

CONCESSÕES AUMENTAM

Dados do Banco Central mostraram um aumento das concessões do crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada depois do anúncio do programa do governo. Em fevereiro, antes do Crédito do Trabalhador, foram concedidos R$ 1,57 bilhão. Aumentou para R$ 2,25 bilhões em março e para R$ 5,60 bilhões em abril. Arrefeceu em maio (R$ 3,09 bilhões), mas ainda representa quase o triplo do que foi concedido em fevereiro.

Em maio, o Ministério do Trabalho e Emprego disse que a concessão do rotativo do cartão de crédito caiu quase R$ 3 bilhões em abril por causa do Crédito do Trabalhador.

“Isso sinaliza que o novo consignado está sendo utilizado, de fato, para migrar dívidas caras, conforme o objetivo do programa”, disse. A concessão mensal do rotativo do cartão de crédito diminuiu de R$ 34,2 bilhões em março para R$ 30,88 bilhões em abril. Em maio, porém, aumentou para R$ 31,51 bilhões.

Para Carlos Augusto Simões Gonçalves Júnior, secretário de Proteção ao Trabalhador do Ministério do Trabalho, não faz sentido comparar os juros atuais com os de uma modalidade que antes era restrita a grandes empresas com menor risco de inadimplência.

ATÉ 4 SALÁRIOS MÍNIMOS

O Ministério do Trabalho e Emprego disse, em 17 de junho, que 62,6% das operações de Crédito do Trabalhador foram realizadas por trabalhadores com renda de até 4 salários mínimos. O público contratou cerca de R$ 7 bilhões de 21 de março a 9 de junho, período em que o total de empréstimo chegou a R$ 14,6 bilhões.

“De acordo com os dados, trabalhadores que recebem entre 4 e 8 salários mínimos respondem por 18,82% do valor total contratado (R$ 3 bilhões), enquanto os que ganham acima de 8 salários mínimos representam 18,57% (R$ 4,4 bilhões). Até as 17h desta segunda-feira (16), o programa já acumulava R$ 15,9 bilhões em contratações, beneficiando mais de 2,6 milhões de trabalhadores em todo o país”, disse a nota.

No comunicado, o ministro Luiz Marinho declarou que não vai permitir “juros incompatíveis” com um programa que tem garantias como até 10% do FGTS ou a multa rescisória.

ESTOQUE EM R$ 374,6 BILHÕES

O saldo de crédito consignado somou R$ 374,6 bilhões em maio. Esse valor representa uma alta de R$ 4,0 bilhões em relação a fevereiro deste ano, antes do programa do governo.

O QUE DIZEM AS EMPRESAS

O Itaú (45,98% ao ano) disse que oferta a modalidade desde 25 de abril pelo aplicativo. Eis a íntegra:

“O Itaú Unibanco oferece o Crédito do Trabalhador (Consignado Privado) por meio do Superapp Itaú desde 25 de abril, no início da oferta via aplicativos bancários. Clientes que já possuem o antigo consignado no Itaú também já podem migrar para a nova modalidade dentro do Superapp, com melhores condições de pagamento. Todos os pedidos passam por análise e a disponibilidade e as condições de oferta dependem do perfil de crédito de cada cliente. O banco apoiou o Governo na criação da nova modalidade de crédito, e trabalha para garantir a disponibilização desse produto a um número cada vez maior de clientes, proporcionando um alívio financeiro essencial para equilibrar o orçamento familiar”.

O Banco do Brasil (taxa de 45,41% ao ano) disse que ultrapassou, nesta semana, a marca de R$ 4,5 bilhões de contratações no Programa Crédito do Trabalhador. Foram realizadas cerca de 450 mil operações, em mais de 5.000 municípios brasileiros, com valor médio de R$ 10.400 por empréstimo.

“A atuação no programa reafirma a liderança e o protagonismo do BB no mercado de crédito consignado, apoiando a jornada financeira dos clientes e ampliando as oportunidades de acesso ao crédito responsável e sustentável”, disse o BB.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-economia/juro-do-consignado-sobe-e-supera-50-com-credito-do-trabalhador/

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