Publicações protestaram contra o uso indiscriminado e não remunerado de suas informações por parte de mecanismos de inteligência artificial
Empresas do setor criativo e de mídia do Reino Unido iniciaram na 3ª feira (25.fev.2025) uma campanha com o objetivo de conscientizar a população sobre o impacto do uso de conteúdos autorais por empresas de IA (inteligência artificial) sem autorização ou compensação financeira aos criadores.
O movimento, chamado de “Make it Fair”, se deu no mesmo dia em que o governo britânico encerrou uma consulta pública sobre a possibilidade de flexibilizar as leis de direitos autorais no país.
Em comunicado, empresas e profissionais do setor demonstraram preocupação com a possibilidade de que a permissão para que plataformas de IA utilizem obras sem compensação financeira traga consequências negativas para a economia britânica. Juntos, esses setores movimentam mais de 120 bilhões de libras esterlinas por ano, segundo a News Media Association.
A campanha afirma que modelos de IA generativa já extraem conteúdos da internet sem permissão e que uma regulamentação mais flexível poderia ampliar essa prática, ameaçando a sustentabilidade do setor.
“Será devastador se isso continuar sem controle ou, pior ainda, se o governo legitimar esse roubo de conteúdo”, afirmam os organizadores da iniciativa.
A campanha ganhou repercussão, com jornais regionais e nacionais publicando uma capa especial destacando os riscos da proposta do governo.
Em editorial, o The Guardian, afirmou que “a imaginação das indústrias criativas do Reino Unido impulsiona a economia britânica e molda a forma como o resto do mundo nos vê como nação”.
Os organizadores também incentivam o público a pressionar os governantes para que defendam a manutenção das regras atuais. “Já temos leis de direitos autorais de padrão ouro no Reino Unido. Elas sustentaram o crescimento e a criação de empregos na economia criativa, apoiando alguns dos maiores criadores do mundo – artistas, autores, jornalistas, roteiristas, cantores e compositores, para citar apenas alguns”, disse o CEO da News Media Association, Owen Meredith.
“Estamos apelando ao público britânico para apoiar nossa campanha ‘Make it Fair’ e pedir ao governo que garanta que os criadores recebam a recompensa financeira adequada das empresas de IA, assegurando um futuro sustentável tanto para a inteligência artificial quanto para as indústrias criativas”, declarou Meredith.
SETOR MUSICAL INTEGRA CAMPANHA
O setor musical também aderiu à campanha. Como forma de protesto, 1.000 músicos britânicos lançaram um álbum coletivo com gravações de estúdios vazios -sem nenhum som.
“Hoje, 1.000 músicos britânicos lançaram um álbum coletivo – com gravações de estúdios vazios – como um alerta ao governo. Se o governo não mudar de rumo, esse será o novo normal”, disse o músico Ed Newton-Rex.
“As propostas atuais entregariam, de graça, o trabalho de toda uma vida dos criadores do Reino Unido – seus músicos, escritores e artistas – para empresas de inteligência artificial. O governo precisa mudar de curso e fazer justiça”, afirmou.