IPCA tem baixa 0,09 ponto percentual ante junho, mas completa 10 meses acima do teto da meta de inflação
A inflação do Brasil ficou em 5,23% em julho no acumulado de 12 meses, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta 3ª feira (12.ago.2025). Eis a íntegra da publicação (PDF – 519 kB).
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação oficial do país, recuou 0,09 ponto percentual em relação aos 5,35% registrados em junho. Apesar disso, este é o 10º mês consecutivo que o indicador segue fora do intervalo de 1,5% a 4,5% permitido pela meta contínua.
Na base mensal, houve alta de 0,26% em julho. Havia sido de 0,24% em junho e 0,38% em julho de 2024. O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava uma taxa em torno de 0,37%.
No acumulado de 2025, a inflação está em 3,26%.
ENERGIA ELÉTRICA PRESSIONA
A variação de julho foi influenciada por 6 dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE.
O destaque foi o grupo Habitação, que avançou 0,91% e contribuiu com 0,14 p.p. para o IPCA do mês. O setor foi impulsionado pela variação de 3,04% na energia elétrica residencial, reflexo dos reajustes tarifários e da bandeira tarifaria vermelha patamar 1, fator que encarece a conta de luz em R$4,46 a cada 100 KWh (quilowatt-hora) consumidos.
No ano, a energia elétrica residencial subiu 10,18% e foi o principal impacto individual no IPCA acumulado (0,39 p.p. de 3,26%). É a maior alta para o período de janeiro a julho desde 2018, quando chegou a 13,78%.
Já o grupo Alimentação e bebidas, que tem o maior peso no índice, apresentou variação negativa de 0,27% no mês. “A queda em julho foi impulsionada pela alimentação no domicílio que caiu 0,69% na passagem de junho para julho, com destaque para as quedas da batata-inglesa (-20,27%), da cebola (-13,26%) e do arroz (-2,89%)”, disse o IBGE.
Entre os outros grupos que apresentaram deflação estão Vestuário (-0,54%) e Comunicação (-0,09%).
META DE INFLAÇÃO
A inflação acumulada em 12 meses está há 10 meses acima de 4,5%, que é o teto do intervalo da meta, mas a nova regra de meta contínua de inflação começou a valer só em 2025.
A última vez que a inflação ficou abaixo de 4,5% no cálculo anualizado foi em setembro de 2024, quando atingiu 4,42%. Neste ano, a aferição da inflação deixou de ser anual e passou a ter outra metodologia:
como era – até 2024, era considerada como um descumprimento da meta se a taxa anual de dezembro ficasse de fora do intervalo permitido pelo CMN;
como ficou – a partir de 2025, será considerado um descumprimento da meta se a taxa anual ficar de fora do intervalo permitido por 6 meses consecutivos.
TAXA SELIC
O Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano na última reunião, realizada em 30 de julho de 2025. A autoridade monetária interrompeu o ciclo de altas na taxa básica de juros, iniciado em setembro de 2024 –há quase 1 ano. A decisão foi unânime. Eis a íntegra (PDF – 31 kB) do comunicado.
O movimento já havia sido sinalizado pelos integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) na reunião anterior do colegiado, em junho. Agentes financeiros também já esperavam a manutenção do juro-base.
O órgão afirmou haver um cenário “marcado por elevada incerteza”. Diz ainda que o tarifaço dos EUA sobre produtos brasileiros intensifica essa perspectiva e exige “cautela”.
“O ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos”, afirmou.
Quanto ao Brasil, disse que o “mercado de trabalho ainda mostra dinamismo” e que “a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação”.
Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-economia/inflacao-do-brasil-recua-para-523-na-base-anual/