Havia sido de 4,83% em dezembro de 2024; taxa mensal foi de 0,16%, abaixo do mês anterior (+0,52%)
Medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação do Brasil desacelerou de 0,52% em dezembro para 0,16% em janeiro. Essa foi a menor taxa para um mês de janeiro desde a implantação do Plano Real, em 1994. O recorde anterior era de janeiro de 2020, quando foi de 0,21%. No acumulado de 12 meses, recuou de 4,83% para 4,56%.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou o resultado nesta 3ª feira (11.fev.2025). Eis a íntegra da apresentação (PDF – 573 kB).
Segundo o IBGE, o grupo de transportes teve alta de 1,30% em janeiro e impactou o IPCA em 0,27 ponto percentual, com a maior influência mensal. As passagens aéreas subiram 10,42%. Além disso, os preços de ônibus urbano subiram 3,84%. Houve também aumento no táxi (+1,83%).
Os combustíveis ficaram mais caros em janeiro. Tiveram alta de 0,75% no mês, com destaque para o etanol (+1,82%), o óleo diesel (+0,97%), a gasolina (+0,61%) e o gás veicular (+0,43%).
O grupo alimentação e bebidas registrou alta de 0,96% em janeiro. Foi o 5º aumento consecutivo. A alimentação em domicílio subiu 1,07%, com influências da cenoura (+36,14%), do tomate (+20,27%) e do café moído (+8,56%).
META DE INFLAÇÃO
A meta de inflação do Brasil é de 3% desde 2024, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. No ano passado, o país tinha uma meta anual, que era auferida em dezembro. A regra mudou em 2025. Não será cumprida quando ficar por 6 meses acima de 4,5%.
Em 2024, a inflação do Brasil foi de 4,83%, a 5ª maior dos países do G20. O BC (Banco Central) precisou encaminhar uma carta pública ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com as explicações para o descumprimento da meta.
O Banco Central disse, na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que, de acordo com as novas regras de meta de inflação contínua, a meta seria descumprida em junho.
Com a nova regra, o Banco Central divulgará até o último dia de cada trimestre o Relatório de Política Monetária. O objetivo é mostrar o desempenho da sistemática da meta de inflação, os resultados das decisões passadas de política monetária e a avaliação prospectiva da inflação.
Esse documento deverá ter:
a descrição detalhada das causas do descumprimento;
as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos;
o prazo esperado para que as medidas produzam efeito.
O Banco Central deverá publicar uma 2ª carta caso a inflação não retorne ao intervalo de tolerância da meta no prazo estipulado. A autoridade monetária também deverá divulgar outro documento caso considere necessário “atualizar as medidas ou o prazo esperado para o retorno da inflação ao intervalo de tolerância de meta fixado”.
POLÍTICA MONETÁRIA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia dito, em maio de 2024, que a meta de inflação é “exigentíssima” e “inimaginável”. De 1999 a 2024, a inflação oficial do Brasil ficou próxima de 3% em 2006 (3,14%) e em 2017 (2,95%). Manteve-se acima de 4% no restante dos anos.
Haddad disse em fevereiro que é preciso corrigir um “repique inflacionário”. E completou: “O remédio para corrigir a inflação é, muitas vezes, aumentar a taxa de juros para inibir a alta de preços. Agora, tudo isso tem que ser feito da maneira correta, na dose certa”.
A taxa básica, a Selic, está em 13,25% ao ano. O juro base completou 3 anos acima de 10% em fevereiro. O Banco Central sinalizou que elevará a taxa para 14,25% na próxima reunião, de março.
A mediana das projeções dos agentes financeiros indica que a Selic terminará 2024 em 15%, segundo o Boletim Focus. Esse será o maior patamar desde 2006.
A mediana das projeções do mercado financeiro para a inflação para o fim de 2024 é de 5,58%, acima da meta de 3% e do teto, de 4,5%.