Indicadores sociais do Brasil avançam com redemocratização

Houve avanço na expectativa de vida durante a ditadura militar, mas desigualdade era alta; economistas dizem que falta eficiência de governos

Indicadores sociais do Brasil avançaram em 40 anos de democracia no Brasil, de 1985 a 2025, embora o crescimento econômico tenha sido baixo no período. Neste sábado (15.mar.2025), completam-se 40 anos da posse de José Sarney (então no PMDB) na Presidência da República, 1º civil no cargo depois de 21 anos de ditadura militar.

Houve queda da desigualdade de renda e aumento da expectativa de vida. A concentração de renda caiu de 1981 a 2022 segundo o coeficiente de Gini. O Brasil saiu de 57,9 para 52 no período.

O coeficiente de Gini varia de 0 a 100. Quanto mais próximo de 100, maior a concentração de riqueza.

O indicador piorou nos últimos anos do regime militar. Passou de 57,9 em 1981 para 58,3, em 1984. Teve alta também depois da redemocratização. Chegou a 63,2 em 1989.

A queda mais expressiva foi no 1º e no 2º mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 2003 a 2010. Passou de 58,1 em 2002 para 53,7 em 2009. O dado não está disponível para 2010.

A expectativa de vida dos brasileiros tem crescido a cada década. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o país atingiu o maior patamar da história em 2023, com a média de 76,4 anos.

Houve uma variação de 30,9 anos de 1940 até o último dado disponível. Ao segmentar por sexo, a expectativa de vida média de homens (73,1 anos) e mulheres (79,7 anos) também alcançou o maior nível.

O avanço durante a ditadura militar foi mais intenso em alguns períodos do que depois da democratização. De 1970 a 1980, a expectativa de vida foi de 57,6 anos para 62,5 anos, um ganho de 4,9 anos. O avanço anual foi de 0,49.

De 1991 a 2023, a expectativa de vida foi de 66,9 anos para 76,4 anos. O ganho no período foi de 9,5 anos. O avanço anual foi de 0,29 anos.

O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil registra avanço desde 1990, ano de criação desse indicador que mede a qualidade de vida com 3 critérios: renda, educação e saúde. Não é possível comparar com o período anterior à redemocratização.

No 1º ano de avaliação, o IDH brasileiro era de 0,620 –considerado médio. Em 2022, ano do último dado disponível, o país alcançou 0,760 (patamar alto).

Naquele ano, o país apareceu em melhor situação que a média global (0,739) e próximo da América Latina e do Caribe (0,763).

Alguns países, como China e Rússia, registraram um IDH maior que o do Brasil. O país asiático atingiu 0,788 em 2022 e a nação europeia alcançou 0,821.O México também teve um IDH superior ao do Brasil, de 0,781.

Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, disse que a comparação do IDH e da carga tributária do Brasil e de outros países mostra ineficiência dos gastos públicos no Brasil.

“O Brasil tem uma carga de 33% do PIB e IDH de 0,76, enquanto países da Ásia têm carga tributária média de 28% e IDH de 0,92. Ou seja, há maior eficiência na alocação de recursos públicos nesses países que fazem a diferença nas áreas de educação, saúde, segurança e gestão empresarial”, disse Agostini.

FALTA DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO

Na educação, faltam indicadores históricos para comparar o desempenho dos governos militares e das décadas seguintes.

A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) realiza desde 2000 o Pisa, teste de conhecimento para estudantes de 15 anos. O desempenho do Brasil está estagnado em 25, com piora dentro da margem de erro. Em matemática, o Brasil ficou na 65ª posição global.

O economista Maílson da Nóbrega, que foi ministro da Fazenda de 1988 a 1990 no governo de José Sarney, disse que falta qualidade no ensino público no país.

“A sociedade brasileira comprou uma tese absolutamente equivocada de que o que melhora é gastar mais em educação. Com isso, o Brasil gasta em educação proporcionalmente mais do que os Estados Unidos e que a China. Progredimos. Formamos mais gente. Mas a qualidade da educação do Brasil é lamentável. O Brasil está na ladeira das avaliações internacionais de qualidade da educação. Sem uma boa educação, o Brasil não sai dessa armadilha”, afirmou Nóbrega.

O Poder360 preparou uma série especial de reportagens sobre os 40 anos de democracia no Brasil. Leia abaixo:

Leia as entrevistas da série especial:

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-economia/indicadores-sociais-do-brasil-avancam-com-redemocratizacao/

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