IBGE diz ser alvo de “mentiras” de funcionários e sindicatos

Presidência do instituto divulgou nota oficial depois de trocas de diretores e protestos de funcionários

A presidência do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicou na 4ª feira (15.jan.2025) uma nota em que diz ter sido alvo de “mentiras” divulgadas por funcionários, ex-trabalhadores e instituições sindicais. Em nota, o instituto fala em acionar a Justiça contra a desinformação. 

A gestão do economista Marcio Pochmann à frente do IBGE tem sido alvo de diversas críticas do AssIBGE (Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE), que acusa o presidente do órgão de “autoritarismo”. O sindicato disse que a atual presidência realizou poucos diálogos com os funcionários sobre as mudanças estudadas.

“A difusão e repetição constante de inverdades a respeito do IBGE exige posicionamento firme e esclarecedor sobre a realidade dos fatos. São condenáveis os ataques de servidores e ex-servidores, instituições sindicais, entre outros, que têm espaço na internet e em veículos de comunicação para divulgar mentiras sobre o próprio IBGE”, lê-se na nota do órgão. Eis a íntegra (PDF – 2 MB)

Os funcionários do IBGE criticam:

estatuto do IBGE – dizem que o instituto quer emplacar mudanças no documento sem diálogo. Afirmam que afetem diretamente as condições de trabalho, autonomia ou governança do órgão;
fundação IBGE + – são contra a criação da instituição que, teria como ficar parceria com a iniciativa privada. 

Eles também questionaram a volta do trabalho presencial e a mudança de funcionários da  Unidade Chile, localizada na avenida de mesmo nome, no centro do Rio para o prédio do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), no bairro do Horto.

Em 15 de outubro, os trabalhadores do IBGE realizaram greve de 24h. Um dia antes, em 14 de outubro, Pochmann defendeu as mudanças estruturais na organização e afirmou que sua gestão tem promovido “o maior diálogo da história do órgão”. A tensão aumentou no início deste mês, com a troca de diretores de pesquisas do instituto. 

Indicado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Pochmann foi nomeado para o cargo em 18 de agosto de 2023.

Na nota divulgada na 4ª feira (15.jan), o IBGE diz que “as ações de recuperação de remunerações e infraestrutura, e de recomposição e qualificação do corpo técnico, e retomada do protagonismo nacional e internacional do IBGE mostram que, sob a atual gestão, o instituto avança, renovando quadros, superintendências e diretorias, buscando em todas as frentes recursos e alternativas para a modernização e valorização de seus servidores e servidoras”. 

A crise no instituto vem sendo usada pela oposição ao governo Lula. Em 27 de dezembro do ano passado, por exemplo, ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a taxa de desemprego no Brasil divulgada pelo IBGE é “uma mentira”. A taxa no trimestre encerrado em novembro foi de 6,1%, a menor do país na série histórica iniciada em 2012. 

Segundo o ex-chefe do Executivo, as informações não servem para balizar a economia brasileira. “Quem não procura emprego, para o IBGE, está empregado. Para quem recebe qualquer benefício social, [como o] Bolsa Família, está empregado. Então sobra uma quantidade bem pequena de pessoas para saber se está empregado ou não. E essa mentira é corroborada pelo fato de ter aumentado o número de pessoas que procuram o seguro-desemprego”, declarou Bolsonaro. 

Em resposta, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou em 4 de janeiro que Bolsonaro “ataca” o IBGE porque tem “aversão à verdade”.

A presidente do PT disse que a metodologia usada pelo IBGE é a mesma utilizada em todos os governos desde 2012, inclusive no período em que Bolsonaro e o então ministro da Economia Paulo Guedes levaram o desemprego a 14% –agravado pela pandemia de covid. Em 2021, a taxa de desemprego ficou em 14,6% no trimestre encerrado em maio.

Na 4ª feira (15.jan), o IBGE declarou: “A suspeição levianamente gerada sobre a possibilidade de manipulação de dados em uma casa técnica é um ataque direto à credibilidade do IBGE, agravado justamente pelo fato de ser produzido por aqueles que conhecem em profundidade o rigor, a metodologia e a ética profissional que conduzem uma instituição de quase 90 anos. Neste cenário, a direção do IBGE seguirá o exemplo dado pelo Supremo Tribunal Federal e a Advocacia Geral da União, que vêm enfrentando judicialmente a desinformação e as mentiras”.

IBGE ERROU MAPA

Sob a gestão de Pochmann, o IBGE lançou um mapa-múndi em que o Brasil aparece no centro do mundo como parte do 9º Atlas Geográfico Escolar. A versão, no entanto, apresentava uma série de erros.

Uma sequência trocava os mapas dos períodos Jurássico (o qual diz ter sido há 135 milhões de anos) e Cretáceo (65 milhões de anos) –diferença de 70 milhões de anos. A sequência também trazia informações incorretas sobre a idade, duração dos períodos geológicos e separação dos continentes no planeta. À época, o IBGE reconheceu as falhas e publicou uma errata.

Pochmann já presidiu a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e o Instituto Lula. Também foi presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Sua gestão foi criticada internamente por ter supostamente aparelhado o órgão e feito uma administração mais ideológica.

Com visão econômica mais heterodoxa, o chefe do IBGE já fez críticas ao Pix, às reformas trabalhista e previdenciária e defendeu a redução da jornada de trabalho.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-brasil/ibge-diz-ser-alvo-de-mentiras-de-funcionarios-e-sindicatos/

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