Haddad posta foto com ministro da Economia de Milei

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, publicou uma foto nesta 4ª feira (2.jul.2025) ao lado do ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, indicado pelo presidente do país, Javier Milei (La Libertad Avanza, de direita). Ele afirmou que teve conversa “amigável” com os líderes econômicos dos países que integram o Mercosul.

Haddad declarou que saiu “positivamente surpreso” com o ambiente cooperativo. Ele tomou café da manhã com os ministros de Economia e presidentes de bancos centrais do Mercosul, no Palácio San Martín, em Buenos Aires, na Argentina. Depois teve reunião bilateral com Caputo, ministro da Economia de Milei.

“Conversa ótima com os ministros das finanças do Uruguai, Paraguai e Argentina. Oportunidade de coalizão em torno do objetivo de firmar o acordo com a União Europeia e fortalecer uma posição multilateral importante”, declarou Haddad em publicação no X.

Mais cedo, o ministro concedeu entrevista a jornalistas. Afirmou que a Argentina sai de um “quadro mais grave de quase hiperinflação” e “vem buscando melhorar sua performance”.

A inflação acumulada em 12 meses caiu de 289,4% em abril de 2024 para 43,5% em maio de 2025.

Haddad disse também que, na reunião, disse ter preocupações de que a política tem que “ajudar a agenda econômica a prosperar e atingir as metas estabelecidas em todos os países”.

Segundo o ministro, há projetos em curso para melhorar o comércio na região. “Recebemos uma proposta da Argentina na reunião bilateral de padronização de regulação de produtos industrializados e dos expedientes sanitários para que o fluxo de comércio aumente ainda mais”, declarou Haddad. “Estamos com um quadro promissor. E uma conversa muito amigável e franca entre nós, ministros da Economia”, completou.

PESO ARGENTINO E REAL

Haddad disse ter dito ao presidente do Banco Central da Argentina, Santiago Bausili, que as moedas locais “podem funcionar melhor no comércio bilateral”. Afirmou que os países do bloco econômico têm um “caminho pela frente muito amplo na utilização das moedas nacionais da Argentina e do Brasil”.

E completou: “É muito burocrática a nossa relação ainda. Não só em termos de aduana, mas em termos de posicionamento administrativo que dificultam o intercâmbio entre os países”.

RELAÇÃO ARGENTINA-BRASIL

Milei já chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “corrupto” e “comunista”. Já compartilhou publicação que chama o chefe do Executivo brasileiro de “ditador”. Publicou apoio ao ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL).

Milei defende que Bolsonaro é perseguido no Brasil, e que o “Regime Lula” impediu o ex-presidente de ir à posse de Donald Trump, nos Estados Unidos.

Haddad tem aumentado o tom das críticas a Bolsonaro. Disse que o ato do ex-presidente na avenida Paulista foi um “fracasso”. Em 11 de junho, na Câmara, discutiu com deputados do PL e disse que Bolsonaro deu calote no pagamento de governadores e de precatórios.

Aliados e oposição avaliam que o discurso mais político do ministro da Fazenda é uma sinalização de que ele trabalha para ser candidato nas eleições de 2026. Ele nega. Com 79 anos, Lula ainda é preferido para a reeleição pelo PT e pelas esquerdas.

CONTAS PÚBLICAS

Haddad defende que o superavit primário nas contas públicas do governo federal em 2022 foi “fake” e que o Orçamento de 2023, produzido pela equipe econômica de Bolsonaro, previa uma reversão do saldo positivo, com um deficit primário de R$ 63 bilhões.

O ministro diz que o deficit seria maior, porque o Orçamento não contava com despesas previstas:

Bolsa Família – R$ 60 bilhões;
Precatórios – R$ 90 bilhões;
Previdência Social – R$ 15 bilhões;
Compensação do ICMS a governadores – R$ 26,9 bilhões.

Em 2023, as contas públicas tiveram um deficit primário de R$ 230,5 bilhões, o pior resultado anual desde 2020. O saldo negativo caiu para R$ 11 bilhões em 2024, ou R$ 44 bilhões se consideradas as despesas que ficaram de fora do cálculo da meta fiscal –gastos com enchentes no Rio Grande do Sul e queimadas no país.