Governo devolve carta de Trump e reconvoca representante dos EUA

Governo considerou conteúdo do comunicado ofensivo e com informações falsas; encarregado de negócios esteve no Itamaraty duas vezes no mesmo dia

O Ministério das Relações Exteriores convocou por uma 2ª vez na 4ª feira (9.jul.2025) o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para novos esclarecimentos sobre a ofensiva do presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano). O Itamaraty queria confirmar a autenticidade do comunicado em que Trump anunciou uma sobretaxa ao mercado brasileiro de 50%.

Escobar esteve na sede da diplomacia brasileira no início da noite de 4ª feira. A secretária de Europa e América do Norte, a embaixadora Maria Luisa Escorel, perguntou a Escobar se o texto endereçado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgado em redes sociais era verdadeiro, já que o governo brasileiro ainda não o havia recebido oficialmente. O encarregado confirmou a autenticidade.

Escorel então disse a Escobar que o Brasil estava devolvendo a carta por considerá-la ofensiva, com informações inverídicas e erros factuais sobre a relação comercial entre os 2 países.

O encarregado norte-americano já havia estado no Itamaraty no início da tarde de 4ª feira para prestar explicações sobre uma nota anterior, também publicada por Trump, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O presidente norte-americano havia dito no texto anterior que Bolsonaro sofre perseguição da Justiça e da oposição e classificou os processos contra ele como uma “caça às bruxas”. Pediu ainda para “deixarem Bolsonaro em paz”.

Na carta de 4ª feira, Trump justifica o aumento de tarifas por causa do tratamento que o governo brasileiro deu a Bolsonaro, a quem disse respeitar “profundamente”.

“A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”, disse. “Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, completou Trump.

As tarifas de 50% valerão a partir de 1º de agosto de 2025. A medida vale para todos os produtos brasileiros enviados para os EUA.

Trump declarou que o governo dos EUA concluiu que precisa se afastar da “relação de longa data e muito injusta” provocada pela política tarifária de barreiras comerciais do Brasil. Segundo o presidente norte-americano, as taxas dos EUA estão longe de ser recíprocas com o país da América do Sul. Afirmou ser preciso corrigir as “graves injustiças do regime atual”. E completou: “Por favor, entenda que o número de 50% é muito menor do que o necessário para termos a igualdade de condições que precisamos com o seu país”, em referência a Lula.

O republicano disse que se o presidente brasileiro aumentar as tarifas em retaliação, haverá um acréscimo de igual proporção aos 50% anunciados na 4ª feira.

“Essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas tarifárias e barreiras comerciais do Brasil, que causam esses deficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos”, declarou Trump.

O presidente dos Estados Unidos afirmou que o saldo comercial negativo é uma ameaça à segurança nacional do país. Mas dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) mostram que a relação desde 2009 é deficitária para o Brasil e superavitária para os EUA desde 2009.

Trump pediu para o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, iniciar uma investigação contra o Brasil pelos “ataques contínuos do Brasil às atividades de comércio digital de empresas norte-americanas”.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-internacional/governo-devolve-carta-de-trump-e-reconvoca-representante-dos-eua/

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