Ministra das Relações Institucionais diz ser “incompreensível” a decisão do Banco Central, sem citar que o presidente da autarquia e quase todos os diretores foram indicados por Lula
A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) criticou nesta 5ª feira (19.jun.2025) a decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual. Na 4ª feira (18.jun), o indicador passou de 14,75% para 15% ao ano. Gleisi disse que a alta é “incompreensível”, mas não mencionou o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“No momento em que o país combina desaceleração da inflação e déficit primário zero, crescimento da economia e investimentos internacionais que refletem confiança, é incompreensível que o Copom aumente ainda mais a taxa básica de juros. O Brasil espera que este seja de fato o fim do ciclo dos juros estratosféricos”, escreveu a ministra em seu perfil no X.
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A decisão de aumentar a Selic foi unânime. Hoje, a maior parte dos integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) são indicações de Lula.
Responsável pela articulação política do governo, Gleisi é uma das principais vozes críticas à política de juros do Banco Central desde a gestão anterior, quando a autarquia era comandada por Roberto Campos Neto. Em dezembro de 2024, a ministra disse que o economista fez “terrorismo” com a política fiscal.
Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tomou posse em fevereiro de 2019. Ficou no cargo até o fim de 2024. Gabriel Galípolo assumiu o comando do BC em janeiro de 2025.
Durante o período do seu mandato nos 2 primeiros anos de governo Lula, Campos Neto foi alvo de duras críticas por parte do petista e de seus aliados. Em fevereiro, Lula disse que a gestão do ex-presidente do BC foi “totalmente irresponsável” por causa do aumento dos juros.
Em dezembro de 2024, Gleisi disse que manteria as críticas ao BC se Galípolo continuasse elevando os juros. Na época, a taxa básica estava em 11,25%.
Naquele período, Galípolo já sinalizava que não mudaria a estratégia do Banco Central e que manteria a Selic em patamar restritivo por tempo suficiente para levar a inflação para a meta de 3%.
Desde o início da sua gestão, porém, integrantes do governo têm evitado criticar diretamente Galípolo e os diretores do BC. O petista ainda não se pronunciou sobre a decisão do Copom que elevou a taxa de juros a 15% ao ano.
Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-economia/gleisi-critica-alta-dos-juros-mas-poupa-gabriel-galipolo/