Gleisi acumula derrotas no Congresso após 3 meses como ministra

Anunciada por Lula em 28 de fevereiro, chefe da Articulação Política foi elogiada ao chegar ao Planalto, mas percepção tem mudado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a então deputada petista Gleisi Hoffmann como ministra das Relações Institucionais em 28 de fevereiro. Em pouco mais de 3 meses no Planalto, Gleisi gastou parte do crédito com que chegou ao cargo junto aos congressistas e acumula derrotas no Congresso.

A ex-presidente do PT (Partido dos Trabalhadores) já enfrentou revezes no Senado e na Câmara. Acompanhou recentemente a aprovação da urgência para derrubar o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) com 346 dos 513 deputados contra o Planalto. No mérito do projeto, a derrota foi ainda maior, com 383 votos contrários ao governo.

Entre uma votação e outra, Gleisi e Rui Costa (Casa Civil), estiveram com os presidentes das Casas, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). As negociações não foram suficientes e culminaram no que foi a maior derrota do Executivo no Congresso desde que Lula voltou ao poder.

Além do caso do IOF, sob o comando de Gleisi, o governo viu o Congresso criar a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Investigação) do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e derrubar 11 vetos presidenciais. Com a controvérsia dos desvios de aposentadorias, o PDT ainda desembarcou da base de apoio governista.

Mudança de percepção

A ministra, que havia caído nas graças do Centrão, agora é criticada até mesmo por correligionários. Era vista como alguém que cumpria a palavra e dialogava com todos. Depois de 109 dias, essa impressão começa a mudar.

Aliados avaliam que Gleisi tem uma gestão mais lenta, pouco reativa. Mesmo na bancada do PT da Câmara, a análise é que a ministra tem tido uma atuação apagada, aparecendo menos até quando o governo precisa de uma defesa mais enfática.

Apesar de só ter tomado posse em 10 de março, Gleisi foi comunicada em 28 de fevereiro por Lula que ocuparia a posição de Alexandre Padilha (PT), de saída para o Ministério da Saúde depois da demissão de Nísia Trindade.

Naquele momento, Gleisi deixou para trás qualquer dúvida sobre como conduziria a articulação política. A atuação combativa como presidente do PT foi logo trocada por uma percepção de que a nova ministra seria pragmática e conversaria com todos.

Como mostrou o Poder360, Gleisi ganhou o Centrão quando apoiou o então candidato Hugo Motta à Presidência da Câmara quando Lula titubeou.

A reportagem perguntou à SRI sobre a mudança de percepção dos congressistas ao longo do tempo sobre o trabalho da ministra, mas não obteve resposta até o momento. O espaço segue aberto.

Emendas parlamentares

O principal motivo da mudança de percepção dos congressistas em relação à ministra é a demora para pagar as emendas. Gleisi justifica o atraso pela aprovação tardia do Orçamento, que foi só em março.

A SRI alega que teve cerca de 50 dias para executar as emendas do Orçamento de 2025. Segundo o governo, os pagamentos estão mais rápidos do que no mesmo período pós-sanção da peça orçamentária em 2023 e 2024.

Valores pagos depois de 50 dias da sanção da LOA:

2023 – R$ 5,4 mil;
2024 – R$ R$ 1,176 milhão;
2025 – R$ 408 milhões.

Outro argumento do Planalto é que esta é a 1ª vez que as emendas estão submetidas às novas regras pactuadas com o STF (Supremo Tribunal Federal).

Na 4ª feira (25.jun), quando crescia a possibilidade de uma derrota acachapante no tema do IOF, o governo acelerou ainda mais o empenho de emendas, mas não foi o suficiente.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-governo/gleisi-acumula-derrotas-no-congresso-apos-3-meses-como-ministra/

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