Vídeo de Luciana Frontin questionando o aumento da escala de 2 para 3 dias por semana viralizou nas redes sociais
Luciana Frontin, funcionária da Petrobras que criticou a ampliação dos dias de trabalho presencial de 2 para 3 vezes por semana, afirmou estar “exaurida”. Em entrevista ao Poder360, disse que o problema não é o trabalho em si, mas, segundo ela, a falta de apoio da empresa.
“Com minha rede de apoio já esgotada, simplesmente não tenho como aumentar meus dias presenciais. Estou no limite. […] A empresa não está considerando essas necessidades, e as pessoas mais prejudicadas são as mulheres. Mulheres como eu, que sou mãe solo”, declarou.
A mudança foi anunciada pela Petrobras em 9 de janeiro, estabelecendo que empregados em regime de teletrabalho passariam a trabalhar presencialmente 3 vezes por semana, com exceção de pessoas com deficiência (PCDs) e pais de PCDs. Luciana, em vídeo divulgado pelo Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro) na 4ª feira (19.mar.2025), citou impactos negativos da medida em sua saúde física e emocional.
No vídeo, com pouco mais de 2 minutos de duração, ela lê uma carta dirigida à Diretoria Executiva da Petrobras, criticando a decisão e afirmando que a simples ideia de retornar ao trabalho presencial já estava prejudicando sua saúde e produtividade. Luciana defende a manutenção do modelo híbrido e solicita que qualquer mudança seja debatida com os trabalhadores. O vídeo viralizou, recebendo diversas críticas, que, segundo Luciana, partiram de “haters”.
Assista ao vídeo (2min47s):
A petroleira diz que não imaginava que seu desabafo ganhasse tanta atenção nas redes sociais. “Minha intenção era apenas fazer com que minha voz – e a de tantas outras pessoas que se sentem desamparadas – chegasse a quem toma as decisões”, disse.
Ainda em entrevista ao Poder360, ela também criticou a falta de um canal efetivo de comunicação com a Petrobras. “O sindicato tem tentado dialogar com a empresa, mas não há um canal real de escuta. A única alternativa que nos resta é a greve”, afirmou, referindo-se à paralisação de 24 horas marcada para o dia 26 de março.
Luciana acredita que a ausência de uma negociação genuína tem contribuído para o aumento do estresse, o adoecimento dos trabalhadores e a queda na produtividade da estatal. “Recebi muitas críticas [pelo vídeo], algumas dizendo que sou ‘fraca’ e que deveria procurar um psiquiatra. Mas já faço tratamento psicológico. A empresa não pode simplesmente transferir essa responsabilidade para os funcionários e ainda afirmar que cuida das pessoas”, concluiu.
EDUARDO PAES
Nas redes sociais, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), compartilhou o vídeo em seu perfil, mas não fez nenhum comentário. Para Luciana, essa atitude pode resultar em uma perda de apoio dos petroleiros.
“Ele pode até ganhar votos com isso, mas não é só sobre os votos. Ele está perdendo muitos votos dos petroleiros. Dizem que ele está ganhando dinheiro com isso, e isso é bastante provável, porque não faz sentido ele simplesmente retuitar uma postagem de alguém completamente desconhecido, que fazia um discurso de ódio contra os trabalhadores. Qual seria o interesse dele nisso?”, afirmou.
O Poder360 entrou em contato com a assessoria de Paes para saber se o prefeito gostaria de se manifestar sobre as declarações da petroleira e sua opinião sobre o vídeo. Até a publicação desta reportagem, não houve resposta. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.
O OUTRO LADO
Em nota a este jornal digital, a Petrobras afirmou que respeita “o direito de manifestação e tem mantido diálogo aberto com as entidades sindicais sobre os ajustes ao modelo híbrido de trabalho”. Leia a íntegra:
“A companhia respeita o direito de manifestação e tem mantido diálogo aberto com as entidades sindicais sobre os ajustes ao modelo híbrido de trabalho aumentando de dois para três dias para a execução do trabalho de forma presencial na semana. A partir de 7 de abril de 2025, todos os empregados devem cumprir três dias de trabalho presencial na semana. Além disso, a companhia apresentou proposta para entidades sindicais de acordo específico de trabalho para pactuar esse ajuste pelo período de dois anos.
“Os mencionados ajustes visam atender os grandes desafios que a companhia tem pela frente alinhada a seu Plano Estratégico. A Petrobras está crescendo, investindo em novos negócios em variadas regiões do país e recebendo novos empregados e empregadas que demandam formação e mentoria por parte de profissionais experientes, além de ambientação nas respectivas áreas.”