Para Tony Volpon, Imposto sobre Operações Financeiros é “início do fechamento da conta de capital”; críticas foram publicadas em seu perfil do X
O ex-diretor do BC (Banco Central) Tony Volpon criticou a medida do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de elevar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em investimentos ao exterior. Para o economista, a ação seria “controle cambial”.
O responsável por cuidar do assunto é o Banco Central. A equipe econômica teria entrado em áreas que não são de sua atuação, segundo especialistas.
Um ideia do Ministério da Fazenda era aumentar de 1,1% para 3,5% as remessas enviadas do Brasil para o exterior destinadas a investimentos. A nova regra impactaria o dólar porque afeta diretamente o fluxo de entrada e saída do câmbio no Brasil, o que influencia a oferta e a demanda pela moeda norte-americana.
Volpon publicou em seu perfil no X (antigo Twitter) que a imprensa “não está percebendo que colocar IOF de 3,5% em todo investimento feito por brasileiros no exterior é o início do fechamento da conta de capital”. As postagens foram feitas nesta 5ª feira (22.mai.2025) depois do anúncio do aumento do imposto.
Além disso, ele também afirmou que “não conhece país sério que cobra isso de empresas” e que “todo desequilíbrio fiscal acaba devido a um ajuste, uma crise ou repressão financeira e controle de capitais”.
O Imposto sobre Operações Financeiras é um tributo cobrado pelo governo em operações de crédito, câmbio, seguros e investimentos.
AUMENTO DO IOF
O aumento do IOF foi anunciado antecipadamente nesta 5ª feira (22.mai) pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, em evento na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo).
A comunicação foi feita antes do anúncio oficial do Ministério da Fazenda e do Ministério do Planejamento e Orçamento. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União na tarde desta 5ª. Eis a íntegra (PDF – 142 kB).
A Fazenda estima que a elevação no imposto coloque R$ 20,5 bilhões nos cofres públicos só em 2025. Para 2026, o impacto estimado é de R$ 41,0 bilhões.
As mudanças propostas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vão afetar os cartões usados em viagens ao exterior. O tributo nessas operações estava em 3,38% em 2025 e teria uma redução gradual até 0% em 2028. A equipe econômica determinou que a transição não seria mais realizada e deixou uma taxa fixa de 3,5%.
A determinação de redução progressiva do IOF foi realizada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022.
Em entrevista a jornalistas, Haddad lamentou o vazamento de informações sobre o aumento do IOF.
“O IOF eu garanto para você que não vazou da Fazenda. Aqui não vaza nada. Pode ter certeza de que quando a gente trata de assunto da Fazenda e Planejamento tem uma questão de protocolo interno”, afirmou o ministro.
Haddad disse que os dividendos não vão entrar na incidência do IOF. Segundo ele, o assunto já é abordado na reforma do Imposto de Renda. O economista defendeu não “misturar os temas”.
BANCO CENTRAL
O BC não se pronunciou sobre o aumento do IOF, mas Haddad afirmou que nenhuma das medidas foi “negociada” com a autoridade bancária.
No X, Volpon afirmou que o Banco Central entende “o que pode acontecer com essa tentativa velada de repressão financeira”.
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