Secretário de Estado de Trump criticou a decisão da 1ª Turma do STF de condenar Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil compartilhou nesta 6ª feira (12.set.2025), em português, as críticas feitas pelo secretário de Estado Marco Rubio e pelo vice-secretário de Estado norte-americano, Christopher Landau, ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes depois da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
Em publicação no X (ex-Twitter), a representação norte-americana reproduziu o comentário de Rubio que afirma que “as perseguições políticas conduzidas pelo sancionado violador de direitos humanos Alexandre de Moraes continuam”. Segundo o integrante do governo do presidente Donald Trump (Partido Republicano), a 1ª Turma decidiu “injustamente” pela condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão.
“Ontem, 4 dos 5 ministros do Supremo Tribunal Federal do Brasil condenaram o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão. Essa decisão é mais um capítulo do complexo de perseguição e censura do ministro Moraes, um violador de direitos humanos sancionado, que tem Bolsonaro e seus apoiadores como alvo. Encaramos esse sombrio desdobramento com a máxima seriedade”, escreveu em outro post.
A condenação de Bolsonaro pela 1ª Turma do STF incluiu outros 7 aliados do ex-presidente. A decisão foi tomada por 4 dos 5 ministros que integram o colegiado. Só Luiz Fux divergiu. Moraes é o relator do processo e foi seguido por Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.
Já a publicação de Christopher Landau compartilhada pela embaixada afirma que os “Estados Unidos condenam o uso da lei como arma política” e diz não ver “saída” enquanto “o Brasil deixar o destino dessa relação [entre EUA e Brasil] nas mãos” de Moraes.
“Como advogado, diplomata e amigo do Brasil, me dói ver o ministro Moraes desmantelar o Estado de Direito no país e arrastar as relações entre nossas grandes nações para o ponto mais sombrio em 2 séculos”, escreveu.
Em 30 de julho, os EUA acionaram a Lei Magnitsky (usada para aplicar sanções a autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos) contra Alexandre de Moraes. O país também impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Ao anunciar a medida, Trump cobrou o fim do que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro.
ITAMARATY RESPONDE
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu na 5ª feira (11.set) às declarações de Marco Rubio. O secretário de Estado afirmou que o país norte-americano “responderá adequadamente” à condenação de Bolsonaro.
“Ameaças como a feita hoje pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia”, respondeu o Ministério das Relações Exteriores.
Segundo o Itamaraty, o Poder Judiciário brasileiro “julgou, com a independência que lhe assegura a Constituição de 1988, os primeiros acusados” pela tentativa de golpe de Estado em 2022 e as instituições brasileiras “deram sua resposta ao golpismo”.