Ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal foi preso em 14 de janeiro após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
Anderson Torres foi preso em 14 de janeiro após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
A defesa de Anderson Torres – formada pelos advogados Eumar Roberto Novacki e Edson Alfredo Smaniotto – encaminhou nesta sexta-feira, 28, um ofício ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que afirma que o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal não encontra-se num quadro psiquiátrico adequado para se lembrar das suas senhas pessoais solicitadas pela Polícia Federal. No documento assinado pelos advogados Eumar Roberto Novacki e Edson Alfredo Smaniotto, a qual a equipe de reportagem da Jovem Pan teve acesso, a dupla alega ter sido surpreendida pela informação que circulou na imprensa de que as senhas informadas aos investigadores eram falsas e ressaltou que foram enviadas à corporação “algumas alternativas de senhas” para demonstrar o “espírito cooperativo” do ex-secretário, ainda que não haja obrigação legal do investigado de “fornecer suas senhas pessoais”. Ao longo do comunicado, os representantes do ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL) relembraram da existência de um laudo priquiátrico anexado na ação que informa o estado emocional gravemente deteriorado de Torres. “À vista das informações prestadas pela psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que dão conta da gravidade do quadro psíquico do requerente, e dos medicamentos que lhe foram (e estão sendo) ministrados, é possível que as senhas tenham sido fornecidas equivocadamente, dado o seu grau de comprometimento cognitivo”, sustentam.
A argumentação dos juristas é a de que, atualmente, não existe a preocupação por parte dos usuários de redes ou serviços virtuais com as suas senhas, visto que a “modernidade permite que os aparelhos armazenem as senhas” através do reconhecimento facial ou digital. “Nesse cenário, tendo em vista o atual estado mental do requerente, com lapsos frequentes de memória e dificuldade cognitiva, a confirmação da validade das senhas, na hodierna conjuntura, revela-se sobremaneira dificultosa”, afirma trecho da nota. Por fim, os advogados pedem ao ministro Moraes que o magistrado solicitem à Apple e ao provedor de e-mail utilizado por Anderson para que as plataformas possam disponibilizar os dados referentes às senhas do ex-ministro. “A despeito disso, no afã de contribuir e para afastar qualquer “especulação” acerca da validade das senhas fornecidas, a defesa requer a Vossa Excelência que expeça ofício à Apple e ao provedor “Uol”, para que estes
disponibilizem à Polícia Federal todos os dados referentes à nuvem e ao e-mail pessoal do peticionário”, pontua. A conclusão dos representantes de Torres diz respeito a uma tentativa da defesa de colaborar com as investigações de um suposto envolvimento do ex-ministro com as invasões realizadas no dia 8 de Janeiro à sede dos Três Poderes. Com as consecutivas recusas do ministro Moraes em aceitar uma revogação da prisão preventiva de Torres e liberá-lo para seguir na prisão domiciliar, os advogados buscam ‘convencer’ a Suprema Corte com os informativos da saúde do ex-ministro. “O postulante, de seu turno, ao passo que não vê as filhas desde a sua prisão preventiva, entrou em um estado de tristeza profunda, chora constantemente, mal se alimenta e já perdeu 12 quilos”, informa trecho do pedido de liberdade a Torres negado por Moraes.