De janeiro a maio deste ano, houve recuo no número de unidades financiadas com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo em relação ao mesmo período em 2024
A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) divulgou nesta 2ª feira (28.jul.2025) um raio-x sobre o desempenho do setor no 2º trimestre de 2025. Os dados mostram que houve uma queda de 62,9% no financiamento de construções com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) de janeiro a maio deste ano na comparação com o mesmo período em 2024.
Foram 24.115 unidades financiadas nos 5 primeiros meses de 2025 ante 65.059 no mesmo período em 2024. Em valores, recuou 54,1%: saiu de R$ 15,5 bilhões no ano passado para R$ 7,1 bilhões neste ano.
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A economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, atribuiu a queda à taxa Selic elevada –em 15% ao ano, o maior nível desde 2006– e à saída líquida de R$ 49,6 bilhões da Caderneta de Poupança no 1º semestre de 2025.
“O custo do crédito está elevado tanto para o comprador quanto para o construtor. Os bancos têm priorizado o financiamento à aquisição, em detrimento da produção”, declarou.
Em contrapartida, houve alta de 16,4% no crédito para a compra de imóveis. Foram 132,3 mil unidades financiadas de janeiro a maio de 2024 ante 154 mil no mesmo período em 2025.
RECORDE DE EMPREGOS FORMAIS
A construção civil superou 3 milhões de empregos formais em maio. O número é recorde ao se considerar a série histórica do novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a partir de 2020.
Leia o infográfico abaixo:
Mesmo com o estoque de trabalhadores com carteira assinada neste patamar elevado, a construção civil passa por uma retração no crédito. O presidente da CBIC, Renato Correia, defendeu novas medidas para o fomento do setor.
“A construção civil segue criando empregos, movimentando a economia e contribuindo para o crescimento do país, mesmo diante de um cenário de juros altos e crédito restrito. Os dados mostram a força e a resiliência do setor, mas também reforçam a urgência de medidas que garantam um ambiente mais favorável à produção e ao investimento”, disse.
De janeiro a maio de 2025, o setor criou 149,2 mil novas vagas formais. Representa um recuo de 6,7% em relação ao mesmo período de 2024, quando o saldo foi de quase 160 mil empregos com carteira assinada na série com ajuste sazonal.
O salário médio de admissão é de R$ 2.436. Segundo a CBIC, é o maior entre todos os setores pesquisados, incluindo serviços, indústria e até administração pública.
CRESCIMENTO
A CBIC manteve projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do setor em 2,3% para 2025. A estimativa leva em consideração o cenário econômico e a desaceleração nas expectativas de novos investimentos.
Segundo Ieda Vasconcelos, a projeção tem “um leve otimismo” e é sustentada pela “inércia de lançamentos anteriores, que ainda geram atividade e emprego”.