Consórcio ganha leilão da Rota da Celulose com deságio de 9%

Trecho liga polos industriais e agrícolas e fará parte do corredor internacional da Rota Bioceânica de Capricórnio; edital foi ajustado após falta de interessados em 2024

O Consórcio K&G Rota da Celulose, formado pela K-infra concessões e Galápagos Participações, venceu o leilão de concessão da Rota da Celulose. O trecho abrange estradas estaduais e federais localizadas no Mato Grosso do Sul, ligando as regiões central e leste do Estado. Nessa área, estão instaladas uma das maiores indústrias de celulose do mundo, frigoríficos, usinas de etanol, empreendimentos de metalmecânica e diversas atividades agropecuárias.

O certame foi realizado nesta 5ª feira (8.ago.2025), na sede da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), e teve como oferta vencedora o desconto de 9% na tarifa de pedágio estabelecida no edital (R$ 0,19/km para pista simples e R$ 0,26/km para pista dupla). Eis a íntegra do documento (PDF – 3 MB).

Eis os demais lances:

Consórcio Caminhos da Celulose (XP): 8%;
Rotas do Brasil: 5%; e
BTG Pactual Infraestrutura: 4%.

“Foi um leilão bastante competitivo. Os descontos foram moderados e sem grande disparidade, o que revela uma proximidade das projeções feitas pelos diversos licitantes. O perfil dos licitantes, com participação de vários representantes do mercado financeiro, demonstra a consolidação do interesse desses players no mercado de rodovias”, afirmou Aline Klein, especialista em infraestrutura e concessões públicas do escritório Vernalha Pereira.

ATIVIDADE ECONÔMICA

Em 2024, o Mato Grosso do Sul respondeu por 28% do valor total exportado de celulose pelo Brasil, de acordo com a Fiems (Federação das Indústrias do Mato Grosso do Sul). Foram 4,64 milhões de toneladas enviadas a 34 países, com receita de US$ 2,65 bilhões, alta de 79% em relação ao ano anterior, puxada por aumentos de 17% no volume e 52% no preço médio da tonelada.

De acordo com o setor, a malha viária atual está saturada diante do avanço da produção. Os investimentos em infraestrutura são considerados essenciais para sustentar o ritmo de crescimento da indústria sul-mato-grossense.

MUDANÇAS NO EDITAL

Depois da ausência de interessados na 1ª tentativa de leilão, em dezembro de 2024, o edital passou por ajustes. Entre as alterações, estão:

atualização dos valores de investimentos;
revisão do cronograma de obras, com menor concentração nos primeiros anos e conclusão transferida para entre o 6º e o 8º ano da concessão;
o aumento da TIR (Taxa Interna de Retorno) de 10,37% para 11,41%; e
previsão de mecanismo de compartilhamento do risco de demanda, em moldes similares ao dos contratos recentes do governo federal; e aumento da taxa de retorno do projeto de 10,37% para 11,41%.

“Essas alterações representam preocupações recorrentes dos investidores nos leilões mais recentes. O patamar elevado da taxa de juros no país requer a elevação da taxa de retorno prevista. O compartilhamento do risco de demanda tem sido demandado pelos investidores por propiciar maior previsibilidade e estabilidade da receita tarifária, principal fonte de recursos da concessão”, afirmou Klein.

Com a conclusão das obras prevista para mais adiante no contrato, a concessionária tem mais tempo para organizar o fluxo de caixa. Isso significa que ela pode usar recursos próprios, sem precisar buscar grandes volumes de financiamento logo no início da concessão. Em um contexto de juros elevados, essa mudança reduz a pressão financeira e o custo de captação de recursos, tornando o projeto mais viável economicamente.

MELHORIAS E PEDÁGIOS

Entre as obras previstas, estão:

870 km de restauração asfáltica;
115 km de duplicação;
245 km de terceiras faixas;
457 km de acostamento;
12 km de marginais; e
3 PPD (Pontos de Parada de Descanso).

O projeto inclui a instalação de 14 praças de pedágio, todas com sistema de cobrança eletrônico (free-flow).

ROTA BIOCEÂNICA

O trecho da BR-267 na Rota da Celulose compõe o traçado brasileiro da Rota Bioceânica de Capricórnio, corredor internacional que ligará o Centro-Oeste ao Oceano Pacífico, passando por Paraguai, norte da Argentina e chegando aos portos chilenos.

O percurso tem início em Porto Murtinho (MS) e segue até a ponte internacional sobre o rio Paraguai.

A nova rota encurtará em aproximadamente 8.000 quilômetros o trajeto até a Ásia, se comparada à rota tradicional pelos portos do Atlântico.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-infra/consorcio-ganha-leilao-da-rota-da-celulose-com-desagio-de-9/

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