Políticos chamaram decisão que condenou cabeleireira por pichar estátua de “cruel” e lembraram que ela é “mãe de família”
Políticos da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticaram, nesta 6ª feira (25.abr.2025), a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em condenar a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos a 14 anos de prisão por 5 crimes. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) definiu a condenação como uma “punição cruel, injusta e completamente distante do Brasil democrático que queremos ser”, ressaltando que “Débora é mãe de família”.
O Supremo formou maioria para a condenação de Débora. A mulher de 39 anos pichou com batom a estátua “A Justiça” no 8 de Janeiro. Escreveu “perdeu, mané” –referência a uma frase dita por Roberto Barroso, presidente da Corte, em 2022. A PGR (Procuradoria Geral da República) denunciou a cabeleireira pelos mesmos crimes imputados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 33 acusados de tentativa de golpe em 2022.
Flávio afirmou em seu perfil oficial no X que a pena é uma “vingança” e declarou: “Enquanto isso, criminosa de verdade vem para o Brasil importada do Peru em jatinho da FAB”.
Já o presidente do Partido Novo, Eduardo Ribeiro, ironizou a sentença, afirmando que os termos “golpe”, “violenta” e “armada” se referem a uma mulher portando um batom. Ele disse que a decisão é “uma injustiça sem tamanho”.
O vereador Lucas Pavanato (PL-SP) comparou a pena de Débora com a de casos de corrupção, destacando que “pichar uma estátua com batom” resultou em uma punição mais severa.
“Corrupção na Lava Jato: 8 anos. Pichar uma estátua com batom: 14 anos. Brasil, o país onde o crime compensa”, afirmou Pavanato no X.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a solução seria “esperar um presidente dissolver essa corte política” e criticou o sistema judiciário e o Congresso. Ele declarou em seu perfil oficial no X que o Brasil é “dominado por canalhas” e que as instituições do país “estão corrompidas”.
“Não tem como esperar de nenhuma delas a solução. Isso inclui o Congresso – onde trabalho. Enquanto isso, é não desistir. ‘Quem durar mais, vence’”, escreveu o congressista em seu perfil oficial no X.
ENTENDA O CASO
A 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) condenou nesta 6ª feira (25.abr.2025) a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos a 14 anos de prisão por 5 crimes. A mulher de 39 anos pichou com batom a estátua “A Justiça”, em frente à sede da Corte, em Brasília, no 8 de Janeiro. Escreveu “perdeu, mané” –referência a uma frase dita por Roberto Barroso, presidente do Supremo, em 2022.
A maioria pela condenação se deu depois do voto do ministro Luiz Fux, que divergiu do relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, que propôs 14 anos de cadeia para a cabeleireira. Fux sugeriu que a pena fosse de 1 ano e 6 meses e Cristiano Zanin, de 11 anos. Flávio Dino e Cármen Lúcia se alinharam a Moraes.
Eis os crimes pelos quais Débora Rodrigues dos Santos foi condenada:
associação criminosa armada;
abolição violenta do Estado democrático de Direito;
golpe de Estado;
dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima; e
deterioração de patrimônio tombado.