O petista e ministros passaram a contrapor Bolsonaro por orientação do novo ministro da Secom, que completará 1 mês na função
Em 25 dias à frente da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), o ministro Sidônio Palmeira mudou a cara da comunicação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Depois de pedalar para contornar o “Pixgate”, demorar a resolver a alta no preço dos alimentos e começar a 2ª metade do mandato com rejeição recorde, o petista deu uma entrevista surpresa no Palácio do Planalto, engatou uma sequência de entrevistas para rádios e passou a adotar uma linguagem mais descontraída nas redes sociais.
Uma das principais mudanças na comunicação do governo está o direcionamento da Secom para que Lula e ministros contraponham insistentemente a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em seus discursos.
A ideia é que a comparação atinja a percepção popular do ex-presidente enquanto, concomitantemente, realce os feitos do mandato petista. Essa medida emula o que foi feito pelo próprio Sidônio na campanha de 2022, quando o então marqueteiro da campanha lançou o vídeo “2 lados”.
Foi o 1º vídeo produzido por Sidônio para a pré-campanha de Lula. À época, agradou a petistas e aliados. A contratação de Sidônio veio depois de uma disputa entre integrantes do partido sobre a comunicação do pré-candidato.
O vídeo apresentava cenas relacionadas a morte, fome e outras mazelas contrapostas a gestos de esperança –associando os últimos a Lula e os primeiros a Bolsonaro.
Lula AM e FM
Outra estratégia adotada por Sidônio desde que assumiu a Secom foi mobilizar o Presidente da República e seus ministros mais próximos a aumentar o volume de entrevistas para rádios das capitais e do interior dos Estados. Em uma semana, Lula e ministros deram entrevistas para as seguintes rádios:
Lula: Rádio Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM de Minas Gerais, e Rádios Metrópole e Sociedade da Bahia;
Fernando Haddad (Fazenda): Rádio Cidade (Caruaru – PE);
Renan Filho (Transportes): Rádio Itatiaia (Minas Gerais).
A estratégia é um indicativo de uma fusão entre a concessão ao gosto pessoal de Lula –preferiu rádios locais durante 2024, com 19 entrevistas ao total– e a intenção de aproximar a imagem do presidente ao povo, dada a capilaridade que entrevistas a rádios locais têm.
Guerra dos bonés
A ideia de confeccionar bonés com o escrito “O Brasil é dos Brasileiros” também teve o aval de Sidônio. A ideia, inicialmente do Alexandre Padilha (Relações Institucionais), foi introduzida durante as eleições no Congresso Nacional.
Lideranças do governo na Câmara e Senado, o líder do PT no Congresso, ministros e o próprio presidente já foram vistos ou publicaram vídeos e fotos com o acessório.
O boné branco, em contraposição com o chapéu vermelho da campanha “Make America Great Again” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), não é coincidência. A ideia é polarizar para crescer.
Lula “TikToker”
A presença do presidente nas redes sociais –sobretudo nas mais frequentadas por jovens, como o TikTok e X (ex-Twitter)– também mudou com a chegada de Sidônio.
Apesar da queda de popularidade do petista, o novo ministro afirmou que Lula tem “uma capacidade incrível” para expor a marca do mandato nas redes, sendo o “motor do conteúdo” envolvendo o coletivo governamental. O marqueteiro foi o protagonista de uma reunião do PT sobre comunicação nas redes.
Em 23 de janeiro, Lula postou um vídeo que mostra a entrega de casas do programa Minha Casa, Minha Vida. A gravação usa uma linguagem mais típica de redes, com expressões como POV, que significa “point of view“, em tradução para o português fica “ponto de vista“.
O termo é utilizado pelos internautas, principalmente o público jovem, para contar o ponto de vista de alguém sobre algo. No vídeo, mostra o ponto de vista das pessoas beneficias pelo programa.
O vídeo mostra Lula visitando as unidades entregues pelo programa e traz a frase “Pov: o presidente que mais abre portas e oportunidade no Brasil”.
Assista ao vídeo (54s):
Do lado da oposição, o domínio do algoritmo das redes sociais é mais bem mais apurado. O exemplo mais recente foi o Pixgate, controvérsia envolvendo o Pix e notícias falsas sobre uma possível taxação sobre movimentações de até R$ 5.000.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) expôs a incapacidade de responder a uma crise digital e de dominar o discurso online ao gravar um vídeo contrário ao Planalto que logo atingiu centenas de milhões de visualizações.
A avaliação do governo foi de que nada mais poderia ser feito a não ser revogar a medida que aumentava a fiscalização do Pix e causadora de toda a controvérsia inicialmente.
Esta reportagem foi escrita pelo estagiário Davi Alencar sob a supervisão do repórter Mateus Maia, da redatora Evellyn Paola e da editora Amanda Garcia.
Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-governo/com-sidonio-lula-fala-mais-e-usa-bone-anti-trump/