Segundo a ministra Nísia Trindade, mesmo com aval da Anvisa, imunizante de dose única precisa de maior “escala” de produção
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que a vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan, a Butantan-DV, não deve ser suficiente para uma “vacinação em massa” em 2025. O instituto já deu início ao processo de produção do imunizante de dose única, mesmo sem aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“O Butantan está produzindo, mas não há previsão de vacinação em massa para 2025, independentemente da aprovação da Anvisa, porque é necessário alcançar escala na produção. A vacina é de dose única e, até onde tudo indica, tem excelente eficácia. No entanto, para 2025, ainda não será a solução que esperamos”, afirmou a ministra em agenda do COE (Centro de Operações de Emergência) nesta 4ª feira (22.jan.2025).
Uma vez aprovada pela Anvisa, a inclusão da vacina no SUS (Sistema Único de Saúde) terá “prioridade”, segundo Nísia.
O Butantan enviou à Anvisa, em 16 de dezembro de 2024, o último pacote de documentos da Butantan-DV. A análise pode levar até 90 dias, mas o instituto já iniciou a produção do imunizante de dose única.
O envio faz parte da submissão contínua, mecanismo criado na pandemia de covid-19 para acelerar análises ao permitir a entrega de dados por etapas. Depois dessa fase, o Butantan deve solicitar o registro do produto.
Em caso de aprovação, o Butantan poderá disponibilizar cerca de 100 milhões de doses ao MS (Ministério da Saúde) nos próximos 3 anos. Segundo nota do instituto, 1 milhão de doses poderão ser entregues já em 2025. As outras 99 milhões seriam entregues em 2026 e 2027.
O Ministério da Saúde anunciou a compra de 9,5 milhões de doses da Qdenga, vacina contra a dengue desenvolvida pela farmacêutica Takeda, para 2025. Embora tenha sido incorporada ao SUS em 2023, o imunizante ainda não é utilizado em larga escala devido à capacidade limitada de produção informada pelo fabricante.
DENGUE NO BRASIL
O número de mortes por dengue no Brasil em 2024 ultrapassou os registros de óbitos por covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde.
Ao todo, 6.068 pessoas morreram em decorrência da dengue no ano passado, enquanto a covid causou 5.959 mortes no mesmo período.
Os números representam um aumento de 414% nos óbitos causadas pela dengue em relação a 2023, quando foram registradas 1.179 vítimas da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
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O pico de mortes coincide com o período mais chuvoso no Brasil –geralmente, de novembro a maio na maior parte do território nacional. Nesse intervalo, o país costuma registrar um aumento significativo nas notificações de casos de dengue.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, projetou uma “provável incidência elevada” de casos da doença em 2025 nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Segundo Nísia, o principal fator para essa previsão é a continuidade do fenômeno El Niño neste ano. O fenômeno pode intensificar condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito transmissor da doença.
Outro agravante apontado é o aumento da circulação do sorotipo 3 da dengue (DENV-3), com maior incidência esperada em São Paulo. Essa variante deixou de circular em massa no país no começo dos anos 2000, o que tende a sobrecarregar o sistema imune dos infectados.