Brasil reinjeta mais da metade do gás natural produzido em maio

Volume chegou a 95,5 milhões de m³/dia; prática pressiona preços e reduz oferta do combustível no mercado

O Brasil reinjetou 95,5 milhões de m³/dia (metros cúbicos por dia) de gás natural aos reservatórios em maio. O volume corresponde a 55,5% da produção total no período, que foi de 172,3 milhões de m³/dia. Os dados constam no boletim mensal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), publicado nesta 3ª feira (1º.jul.2025). Eis a íntegra (PDF – 3 mB).

Dados da agência apontam que a prática se intensificou a partir de 2015, com o início da operação das grandes plataformas do pré-sal. No Brasil, cerca de 85% do gás natural produzido é do tipo associado, ou seja, extraído junto ao petróleo. Para viabilizar a produção do óleo, as empresas também precisam retirar o gás, o que as obriga a decidir entre comercializar esse insumo ou reinjetá-lo.

Na prática, a devolução do gás ao reservatório é usada como estratégia para aumentar a produção de petróleo. O processo eleva a pressão nas jazidas, facilitando a extração do óleo. Como o petróleo tem maior valor de mercado, a reinjeção costuma ser mais vantajosa do ponto de vista econômico para as operadoras.

Países com perfil semelhante ao do Brasil -com predominância de gás associado- também adotam a reinjeção como prática comum. No entanto, as taxas variam de 20% a 35%, abaixo do percentual superior a 50% registrado no Brasil.

PREÇOS ELEVADOS

No entanto, a prática reduz a disponibilidade do combustível no mercado interno, fator que eleva os preços para a indústria brasileira.

Crítico do elevado índice de reinjeção, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), voltou a criticar os preços do gás natural no Brasil durante um evento realizado em 16 de junho.

“O preço do gás natural no Brasil é absurdo e prejudica nossa indústria intensiva em energia”, disse durante o evento “Gás para Empregar”, promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Silveira defendeu o aumento da oferta interna pela Petrobras como caminho para reduzir os preços. “Não há justificativa para isso. É importante que a Petrobras tenha consciência da importância de ampliar a oferta de gás”, afirmou. Contudo, negou que exista intervenção na companhia e disse que, se houvesse, “não continuaria tão valorizada como está”, declarou.

PROJETOS EM ANDAMENTO

O ministro destacou investimentos em andamento que podem contribuir para aumentar a disponibilidade do produto. Citou um novo projeto da petroleira norueguesa Equinor, que deve adicionar 18 milhões de m³ por dia ao sistema nacional, e mencionou a possibilidade de ampliar a importação de gás da Argentina, da formação de Vaca Muerta.

Silveira lembrou ainda que a Petrobras concluiu recentemente a Rota 3, gasoduto que escoa a produção do pré-sal para a costa brasileira. No entanto, o ministro afirmou que, apesar do avanço na infraestrutura, o custo do gás que chega ao litoral brasileiro segue elevado quando comparado a mercados internacionais.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-energia/brasil-reinjeta-mais-da-metade-do-gas-natural-produzido-em-maio/

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