Deputado teve processo extinto depois de não ser encontrado; segundo o congressista, ele informou à Justiça seu endereço
Depois de ser intimado no hospital, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lembrou o caso em que um processo contra o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) prescreveu depois que o congressista não foi encontrado pela Justiça.
O caso foi extinto em 2022 e investigava acusações de dano ao patrimônio público.
Bolsonaro foi intimado na 4ª feira (23.abr.2025) sobre a ação penal aberta no STF (Supremo Tribunal Federal) em que se tornou réu por tentativa de golpe de Estado.
A decisão se deu depois que a Corte avaliou que a participação de Bolsonaro em uma live na noite de 3ª feira (22.abr) “demonstrou possibilidade de ser citado e intimado” pela Justiça.
A oficial de Justiça Cristiane Aparecida Oliveira confirmou em certidão encaminhada ao Supremo que intimou o ex-presidente sobre a sua citação no processo às 12h47, no Hospital DF Star, em Brasília, onde ele está internado após passar por um procedimento cirúrgico.
Agora, Bolsonaro tem até 5 dias para apresentar a defesa prévia, que é uma resposta à acusação.
Bolsonaro, em post feito na 4ª feira (23.abr) em seu perfil no X (ex-Twitter), usou uma reportagem publicada em setembro de 2024 pela Folha de S.Paulo para comentar o caso de Boulos.
Na época, a defesa do deputado disse ao jornal que, durante seu depoimento, o congressista avisou que mudaria de residência, indicando o novo endereço. Disse que a Justiça tinha os contatos dos advogados, que nunca foram procurados para auxiliar na localização do político.
No X, Bolsonaro questionou: “A Justiça não o encontrou porque ele foi líder do MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto] ou foi apenas mais uma coincidência?”
O processo contra Boulos investigava as ações do deputado no episódio que ficou conhecido como a desocupação do Pinheirinho, em janeiro de 2012. O congressista foi preso sob a suspeita de ter atirado uma pedra contra uma viatura da Guarda Municipal de São José dos Campos (SP). Foi solto depois de pagar fiança.
Boulos ainda foi acusado de ter incitado famílias desalojadas a danificarem o ginásio de esportes da cidade.
O deputado, ao prestar depoimento no processo, negou ter danificado ou incitado a destruição de patrimônio público. Ele afirmou ter sido agredido por guardas.
Em nota enviada à Folha, a equipe do deputado disse que ele “nunca foi condenado a cumprir sentença e jamais fugiu” da Justiça.
“No processo em questão, ele apenas foi notificado em 22 de abril de 2019, devido a uma sucessão de erros do promotor responsável, que indicou endereços incorretos para efetuar a intimação, sem verificar os documentos que já estavam juntados aos autos”, diz a nota.
INTIMAÇÃO DE BOLSONARO
Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, criticou na 4ª feira (23.abr.2025) o envio de oficial de Justiça ao hospital DF Star para notificar o ex-presidente.
“Qual a real necessidade e urgência concreta de se tomar tal providência invasiva, vez que o presidente Bolsonaro jamais se esquivou de qualquer chamado ao longo da investigação, havendo, ainda, prognóstico de que em poucos dias terá alta hospitalar?”, escreveu Paulo Cunha Bueno em seu perfil no X.
Segundo o advogado, ações como essa prejudicam a credibilidade da ação que, dadas as características singulares, “será sempre testada e questionada em relação à observância do devido processo legal”.
SAÚDE DE BOLSONARO
O ex-presidente continua internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após passar por uma laparotomia exploradora para desobstruir o intestino e reconstruir a parede abdominal. O procedimento foi realizado em 11 de abril e segue sem previsão de alta.
Segundo o último boletim médico, Bolsonaro apresentou sinais de retomada nas atividades intestinais, mas segue com nutrição parenteral exclusiva, ou seja, não pode comer alimentos e os nutrientes são fornecidos pela veia.
Segue fazendo sessões de fisioterapia motora e respiratória. A cirurgia foi a 7ª realizada desde que foi alvo de uma facada durante a campanha de 2018.
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Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-gente/apos-ser-intimado-em-hospital-bolsonaro-cita-caso-boulos/