Entendimento do partido para permitir a filiação do ex-deputado foi de que ele teve o registro de candidatura cassado, e não os direitos políticos
O ex-deputado e ex-procurador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol se filiou ao partido Novo neste sábado (30.set.2023) no o 7º Encontro Nacional da sigla, em São Paulo (SP). A filiação de Deltan bate de frente com o estatuto do partido que proíbe a filiação de nomes que estejam com ficha suja. O ex-procurador perdeu o mandato de deputado federal em maio deste ano.
O Poder360 apurou que o entendimento do partido para permitir a filiação de Deltan foi de que ele teve o registro de candidatura cassado, e não os direitos políticos. O ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato deixou o Podemos depois de 1 ano e meio de sua filiado à sigla.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cassou o cargo do deputado por 8 anos depois de considerar que ele antecipou a demissão do cargo de procurador no Paraná para evitar uma punição administrativa do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), que poderia torná-lo inelegível. Nas eleições de 2022, Deltan foi o deputado federal mais votado no Paraná, com 344.917 votos.
O artigo 4º do documento (PDF – 1o MB) que possui as diretrizes do partido Novo estabelece que “poderá ser admitido como filiado do Novo todo brasileiro eleitor no pleno gozo dos direitos políticos”. Com a cassação do cargo, o ex-deputado não cumpriria o pré-requisito. No entanto, a avaliação do diretório nacional atual é de que ele se encaixa no artigo.
Veja imagens do ato do Novo:
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o presidente da sigla, Eduardo Ribeiro, estavam presentes no evento. O senador Eduardo Girão (Novo-CE) e os deputados Marcel van Hattem (Novo-RS), Gilson Marques (Novo-SC) e Adriana Ventura (Novo-SP) também compareceram no evento.
Nas redes sociais, o partido falou em “orgulho” ao anunciar a filiação.
Além de filiar o ex-deputado, o partido também aderiu uma nova cor para sua identidade visual: o azul. O partido foi fundado em 2011, e registrado oficialmente em 2015, com a cor laranja.
Amoêdo: descaracterização
Ao Poder360, João Amoêdo, ex-integrante do Novo e candidato à Presidência pela sigla em 2018, criticou na 4ª feira (27.set.2023) a filiação do ex-procurador Deltan Dallagnol. “Na minha avaliação, é mais um grande equívoco da atual gestão do partido”, disse.
O banqueiro afirma que a atitude descaracteriza as propostas originais do partido que ajudou a fundar. “É um duro golpe em todos que ajudaram e apoiaram o processo de formação do Novo, porque um dos principais argumentos para obter apoio é que seria um partido em que todos seriam ficha limpa, inclusive os filiados”, completa. Amoêdo se desligou do Novo em novembro de 2022, por “diferenças de visão”.
Segundo ele, o partido tem tomado esse rumo porque “falta competência ao Novo para buscar crescimento dentro dos seus diferenciais e princípios”.
“Então, busca-se atalhos –como usar dinheiro público, aceitar qualquer um– para buscar um crescimento que não está sendo obtido justamente porque a partir de 2020 o partido começou a dar sinais dúbios apoiando o bolsonarismo, com pautas de ataques às instituições, notadamente o Supremo, e com isso foi perdendo a sua imagem e aí começou a perder filiados. Ao invés de voltar ao desenho original, avançou ainda mais em uma linha oportunista”.
Em publicação no X (ex-Twitter), o empresário manifestou descontentamento com acontecimentos recentes relacionados ao partido.
Fonte: https://www.poder360.com.br/partidos-politicos/cassado-deltan-dallagnol-se-filia-ao-partido-novo/