Em ata, a autoridade monetária diz ser necessária uma “reancoragem” sólida das expectativas para mudar perspectiva
O BC (Banco Central) disse nesta 3ª feira (8.ago.2023) ser “pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes” na Selic, a taxa básica de juros. A autoridade monetária diz ser necessária uma “reancoragem bem mais sólida das expectativas” para mudar essa perspectiva.
A autarquia publicou a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) nesta 3ª feira (8.ago). Eis a íntegra do documento (274 KB).
Ao justificar a expectativa, o colegiado afirma ser necessário “manter uma política monetária ainda contracionista”. O texto, no entanto, menciona uma “clara melhora nos índices de inflação cheia” para justificar o corte na taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual.
Selic
Na 4ª feira (2.ago), quando houve a mais importante reunião recente do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, a autarquia decidiu iniciar um ciclo de queda, fazendo com que a Selic caia de 13,75% para 13,25% ao ano.
A redução está acima do corte de 0,25 ponto percentual que era esperado pela maioria dos agentes financeiros e também agrada ao governo federal, que tem cobrado uma diminuição maior dos juros. Eis a íntegra do comunicado (132 KB).
A última decisão de redução na Selic foi na reunião de agosto de 2020, quando a autoridade monetária finalizou um ciclo de 9 reduções seguidas. Na época, flexibilizava a política monetária para estimular a economia no período de pandemia de covid-19.
Com a aceleração da inflação no Brasil e no mundo nos anos posteriores, o BC começou a subir novamente a Selic em março de 2021 e realizou o maior ciclo de altas do século 21. Elevou de 2% até 13,75% em agosto de 2022. Há 1 ano, os juros estavam no mesmo patamar.
A reunião da 4ª (2.ago) foi a 1ª realizada com indicações do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT): Gabriel Galípolo, que foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, e o funcionário público Ailton Aquino participaram da decisão.
O governo tem criticado desde janeiro o BC e o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, pela taxa Selic elevada. Mas, apesar da participação dos 2 diretores indicados por Lula nesta reunião, o Copom já havia sinalizado em junho que faria um corte de juros em agosto.
O Banco Central diz que as decisões não são políticas e que é preciso respeitar a autoridade monetária. Campos Neto defende que a inflação descontrolada é um imposto perverso e uma queda precoce da Selic pode ser pior para o país.
Campos Neto decisivo
O presidente da autoridade monetária foi responsável por dar o voto decisivo. Foram 5 votos a favor da queda mais agressiva, enquanto 4 diretores queriam baixa mais conservadora, de 0,25 p.p.
Fonte: https://www.poder360.com.br/economia/bc-reforca-novos-cortes-na-selic-mas-nega-intensificar-ritmo/