Mídia chinesa foi responsável por quase metade das menções positivas à economia brasileira; atrito com BC ainda pesa negativamente
A viagem do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) à China elevou o otimismo da cobertura jornalística internacional sobre a economia brasileira no 2º trimestre de 2023. A percepção chegou a 430 pontos de reputação no último trimestre. Do total, 192 (45%) pontos foram só da cobertura da mídia estatal chinesa à visita do petista.
O resultado do 2º trimestre é levemente menor que os 444 pontos no 1º trimestre deste ano, demonstrando que o otimismo com o início do governo Lula passou. Por outro lado, as viagens internacionais continuam sendo o principal motor das menções à economia brasileira –sejam elas positivas (a maioria) ou negativas.
O levantamento foi feito pelo Radar +55, hub de inovação do Grupo BCW, que analisou 277 reportagens em veículos de 7 países: Alemanha (Spiegel), Argentina (Clarín e La Nación), China (Global Times), Estados Unidos (The Washington Post, The Wall Street Journal e The New York Times), França (Le Monde), Inglaterra (The Economist) e México (El Universal). Eis a íntegra (920 KB).
Segundo o levantamento, as dezenas de críticas feitas pelo governo e por aliados de Lula ao presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, assim como no 1º trimestre, ainda pesam negativamente na cobertura de veículos estrangeiros.
“Houve intensificação nas críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, antes e depois da decisão do Copom em manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Além de Lula, Haddad [Fazenda] e Simone Tebet [Planejamento] passaram a expressar suas discordâncias publicamente, o que reverberou na imprensa estrangeira”, diz o estudo.
Quanto ao teor das reportagens publicadas no período, 65% tiveram tom positivo e outras 35%, negativo. O resultado foi melhor na França, Alemanha e China, cujos veículos analisados falaram positivamente da economia brasileira em 100% dos textos analisados.
METODOLOGIA
O Radar +55 utiliza a metodologia do IDM (Índice de Desempenho de Mídia), desenvolvido pelo Grupo BCW Brasil, para avaliar a reputação da economia brasileira na imprensa de 8 países. O algoritmo do IDM considera mais de 20 variáveis na análise de cada resultado de mídia espontânea. Os critérios são quantitativos e, principalmente, qualitativo. Referem-se ao veículo de mídia em que o resultado foi publicado e ao próprio conteúdo da matéria, permitindo a criação de insights e inteligência de dados com o cruzamento de informações e recortes temáticos ou cronológicos.
Para medir a pontuação, há uma classificação de reportagens. O Poder360 destaca os seguintes critérios analisados: 1) se o texto tem teor positivo ou negativo; 2) qual o destaque dado à economia brasileira; 3) se há foto e em qual veículo foi publicado. Essas informações são incluídas em um sistema automatizado. Somam-se as pontuações de cada reportagem e, assim, chega-se ao saldo final.