Gabinete de Segurança de Israel aprova tomada de Gaza

Objetivo seria entregar o controle da cidade para um governo civil que não seja “o Hamas nem a Autoridade Palestina”

O gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para assumir gradualmente o controle militar de toda a Faixa de Gaza, incluindo a cidade de Gaza. A decisão foi tomada na manhã desta 6ª feira (8.ago.2025), no horário local, após 10 horas de deliberações, e contraria as recomendações das Forças Armadas israelenses. O objetivo declarado é alcançar uma vitória decisiva sobre o Hamas, grupo que liderou o ataque a Israel em 7 de outubro de 2023.

A proposta foi apresentada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (Likud, direita) em um momento em que as negociações para um cessar-fogo e libertação de reféns estão paralisadas.

As FDI (Forças de Defesa de Israel) informaram que já controlam cerca de 75% do território de Gaza, restando principalmente a faixa costeira que se estende da Cidade de Gaza, no Norte, até Khan Younis, no Sul.

Na rede social X, o perfil oficial do gabinete de Netanyahu anunciou a aprovação da proposta. Segundo a mensagem “As FDI [Forças de Defesa de Israel] vão se preparar para assumir o controle da cidade de Gaza enquanto distribuem ajuda humanitária à população civil que está fora das zonas de combate”.

No texto, o gabinete informa que foram aprovados 5 princípios para pôr fim à guerra:

O desarmamento do Hamas;
O retorno de todos os reféns –os vivos e os mortos;
A desmilitarização da Faixa de Gaza;
O controle da segurança da Faixa de Gaza por Israel;
O estabelecimento de um governo civil alternativo, que não seja o Hamas nem a Autoridade Palestina.

A mensagem informa também que uma “maioria decisiva” do gabinete de segurança expressou que o plano alternativo para Gaza “não alcançaria a derrota do Hamas nem o retorno dos reféns”.

Netanyahu já havia confirmado a intenção de assumir controle militar completo de Gaza em entrevista à Fox News antes da reunião do gabinete. Quando questionado diretamente sobre a tomada completa de Gaza, o primeiro-ministro respondeu: “Pretendemos”.

O plano afetará diretamente aproximadamente 50 reféns ainda mantidos em cativeiro pelo Hamas, dos quais 20 acredita-se estarem vivos. Durante o ataque de 2023, cerca de 250 pessoas foram sequestradas.

Segundo o New York Times, o início da implementação da operação militar levará dias, no mínimo, para que o Exército convoque forças de reserva, realize implantações de tropas e permita a evacuação de dezenas de milhares de palestinos das novas áreas de combate. As autoridades militares israelenses estimam que a conquista das partes restantes de Gaza pode levar meses.

Antes da votação, uma autoridade israelense afirmou à CNN que o plano gradual requererá ao todo 5 meses.

Aproximadamente 2 milhões de palestinos, muitos deles deslocados, estão em tendas, abrigos improvisados e apartamentos nas áreas ainda não controladas por Israel.

Na entrevista à Fox News, Netanyahu argumentou que a medida “asseguraria nossa segurança” e permitiria a transferência da administração civil para outra parte. “Queremos nos libertar e libertar o povo de Gaza do terrível terror do Hamas”, declarou o primeiro-ministro israelense, acrescentando: “Não queremos mantê-lo. Não queremos governá-lo. Não queremos estar lá como um corpo governante. Queremos entregá-lo a forças árabes”.

O Hamas respondeu em comunicado na 5ª feira (6.ago) que os comentários de Netanyahu “representam uma clara reversão do curso das negociações e revelam claramente os verdadeiros motivos da retirada da rodada final”.

O líder da oposição parlamentar, Yair Lapid, criticou a decisão: “Conquistar Gaza é uma má ideia operacional, uma má ideia moral e uma má ideia econômica”.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-internacional/gabinete-de-seguranca-de-israel-aprova-tomada-de-gaza/

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