Secretário do Tesouro Nacional declara que o sistema está “pressionado” e que o Brasil “nunca conseguiu endereçar” questão
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta 3ª feira (5.ago.2025) que a discussão sobre nova reforma da Previdência deve ser feita “inevitavelmente” em 10 anos. Declarou que o Brasil “nunca conseguiu endereçar” a situação envolvendo o sistema previdenciário.
“O sistema previdenciário brasileiro está pressionado, precisa ser discutido. Quando você olha um horizonte de 10 anos, inevitavelmente é um debate que precisa ser feito”, afirmou.
O secretário disse que o país fez reformas importantes, mas “limitadas no tempo”. A declaração foi dada durante o 2º Encontro do Centro de Política Fiscal e Orçamento Público, do FGV Ibre, no Rio.
“Ou a gente se prepara para uma grande reforma ou o país tem que se acostumar e tornar natural pequenas reformas da Previdência e não fazer disso uma grande celeuma. A expectativa de vida aumenta, tem que ajustar”, disse.
Ceron afirmou haver necessidade de um debate mais estrutural sobre o tema e que o país precisa sair de uma lógica “meramente fiscalista”.
Na sua visão, a questão previdenciária enfrenta resistência na população. “A sociedade não aceita grandes movimentos. Acaba sendo um gradualismo nos ajustes”, disse.
“Precisamos enfrentar debates. Todo o sistema criado em torno do MEI criou uma dinâmica complexa em relação à Previdência. É algo que vai aparecer no futuro”, acrescentou.
Ceron citou alguns pontos possíveis a serem discutidos:
crescimento vegetativo da população;
aumento da expectativa de vida;
regramento automático;
sistema de capitalização;
como construir algo palatável para o Brasil.
Em fevereiro, o secretário chegou a dizer que é “inevitável” passar por reforma da Previdência no futuro.
ROMBO DA PREVIDÊNCIA
As contas da Seguridade Social no Brasil devem registrar um rombo de R$ 29,9 trilhões em 2100, se nada for feito para frear o descompasso entre receitas e despesas do RGPS (Regime Geral da Previdência Social). O valor equivalerá a 11,61% do PIB (Produto Interno Bruto).
Em 2025, a necessidade de financiamento estimada é de R$ 338,1 bilhões (ou 2,68% do PIB). As projeções estão no Balanço Geral da União de 2024.
O Tesouro Nacional divulgou em 3 de abril o documento. Eis a íntegra (PDF – 5 MB).