Senador declara que o presidente tem a obrigação de seguir o exemplo de outros países que conseguiram negociar com os EUA
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), fez um apelo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em postagem nas redes sociais nesta 2ª feira (28.jul.2025) e pediu que o petista ligue para Donald Trump (republicano) e tente negociar a tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros. A medida entra em vigor em 1º de agosto.
Na publicação, o senador disse que a “omissão” do petista não será entendida como um ato de soberania, mas, sim, como “ideologia e jogo político”. Afirmou ainda que o momento pede “grandeza” do chefe do Executivo brasileiro.
“Presidente Lula, não é humilhação ligar para o presidente dos EUA. É obrigação. Sobretudo quando se trata de defender o interesse nacional dos brasileiros”, declarou Ciro no X.
Ciro citou o caso de países que conseguiram negociar alternativas “porque seus líderes não apostaram no ‘nós contra eles’ e agiram com pragmatismo”. Disse que Lula deve tentar conversar com a Casa Branca, mesmo sem acreditar que surtirá efeito, e afirmou que o “cara” -em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)- ligaria para Trump.
“Não cometa esse erro histórico”, declarou.
Acordos dos EUA
Os Estados Unidos já fecharam 7 acordos comerciais, com Japão, Vietnã, Indonésia, Filipinas, China e Reino Unido.
Trump negociou a redução das tarifas em troca de investimentos nos setores norte-americanos. Segundo o republicano, a União Europeia comprará US$ 750 bilhões em energia dos EUA e investirá outros US$ 600 bilhões em diversos produtos.
Já a China, que conseguiu a redução da taxa de 145% para 30%, facilitará a exportação de minérios de terras raras aos norte-americanos.
No domingo (27.jul), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços afirmou que o governo “continua e seguirá aberto” a negociar o tarifaço com os Estados Unidos, mas ressaltou que a soberania do Brasil e o Estado Democrático de Direito são “inegociáveis”.
Em nota, o órgão chefiado pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (PSB) disse que as conversas com os norte-americanos, por orientação de Lula, são feitas “com base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica”.
Apesar de afirmar que o governo Lula tem buscado negociar “sem qualquer contaminação política ou ideológica” desde 9 de julho, quando Donald Trump anunciou o tarifaço, os atos e declarações do presidente, de integrantes do PT e do governo não têm seguido essa orientação.
O clima para uma possível negociação de alto nível se deteriorou —percepção sentida em Washington, também por causa de decisões recentes e controversas do ministro Alexandre de Moraes.
O presidente Lula protagonizou na semana passada uma escalada de retórica beligerante contra Trump e os EUA. O petista nunca se interessou em ter uma reunião direta com Trump desde a posse do norte-americano (em 20 de janeiro). Disse que não teria assunto para conversar e teria de ficar contando piada.
Passaram-se 6 meses de isolamento do Brasil em relação aos EUA. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que nunca conseguiu ser recebido pelo chefe do Departamento de Estado norte-americano, Marco Rubio.