Governo brasileiro teve reunião com empresários e centrais sindicais para pensar em estratégias para reverter a taxação dos EUA
O dólar comercial subiu para R$ 5,587 nesta 6ª feira (18.jul.2025), com alta de 0,73%. Na semana, avançou 0,70%. O real desvalorizou depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), anunciou aumento de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil ao país. A operação da PF (Polícia Federal) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também está no radar.
A moeda norte-americana atingiu R$ 5,598 na máxima e R$ 5,524 na mínima. Os investidores acompanham os possíveis impactos na economia brasileira. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou que o PIB (Produto Interno Bruto) pode cair 0,16%. O tarifaço pode reduzir 110 mil postos de trabalho.
O Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), fechou aos 133.381 pontos, com queda de 1,61%. Na semana, recuou 2,06%.
No início da semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não havia intenção de subir tarifas contra os EUA. Afirmou que o governo brasileiro buscaria o diálogo.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), disse que o governo enviou uma carta aos EUA em maio, mas nunca foi respondida. Nesta semana, o ministério mandou outra carta solicitando negociação.
Os agentes financeiros acompanham também o desenrolar do noticiário policial envolvendo Bolsonaro, que foi alvo de busca e apreensão da PF na manhã de 6ª feira (18.jul). O inquérito tem influências nas eleições presidenciais de 2026.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes mandou o ex-presidente colocar tornozeleira eletrônica como medida cautelar. Também proibiu o uso das redes sociais.
Os investidores estrangeiros retiraram R$ 4,1 bilhões da B3 no acumulado de julho até 4ª feira (16.jul), último dado disponível. Os resgates líquidos somaram R$ 1,1 bilhão na 3ª feira (15.jul) e R$ 662 milhões na 4ª feira (16.jul).
No acumulado parcial do ano, os investidores brasileiros alocaram R$ 22,3 bilhões na Bolsa de Valores. Rafael Furlanetti, presidente da Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias), disse que o investidor internacional vinha alocando recursos no Brasil porque enxergava um mercado emergente com “baixo risco de tarifas”.
Segundo ele, boa parte desse dinheiro veio como uma fuga das guerras comerciais, por ser um grande exportador de commodities como minério de ferro, carne, café e granito, produtos que, em tese, não deveriam ser tão taxados.
“Esse cenário agora começou a mudar”, declarou. Para o presidente da Ancord, a antecipação da corrida eleitoral de 2026 e o cenário adverso nas contas públicas também é um movimento que provoca cautela no mercado financeiro.
“A melhor maneira de você tentar entender como o mercado avalia as contas públicas é olhar a taxa de juros futuros, os juros de 10 anos no Brasil. Esses juros ele estava a 7,5% mais a inflação. Depois caiu para 7% mais a inflação. Agora ele voltou para 7,2% mais a inflação. A gente está voltando quase lá para o 7,5%, o que é relevante”, afirmou Furlanetti.
Usado para medir o risco na economia brasileira, o CDS (Credit Default Swap), de 5 anos, atingiu 150 pontos nesta 6ª feira (18.jul). Há 1 ano, estava em 152 pontos.