Governo atribui desempenho de 59,2% à crise no RS; sem a queda local, o país teria superado o nível previsto de 60,2%
O Brasil alfabetizou 59,2% das crianças da rede pública até o fim do 2º ano do fundamental em 2024. O índice ficou abaixo da meta nacional de 60%, segundo dados divulgados nesta 6ª feira (11.jul.2025) pelo MEC (Ministério da Educação).
A avaliação foi aplicada de outubro a novembro de 2024 em cerca de 2 milhões de alunos em 42.000 escolas distribuídas por 5.450 cidades. O levantamento faz parte do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, pacto firmado entre o ministério, Estados e municípios.
Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, o desempenho do Rio Grande do Sul impediu o cumprimento da meta. O Estado, que enfrentou calamidade climática no 1º semestre, teve queda de quase 20 pontos percentuais, passando de 63,4% para 44,7%.
“Se o Rio Grande do Sul tivesse mantido o índice de 2023, o Brasil teria chegado a 60,2%”, disse o ministro.
Entre os 5.312 municípios com dados comparáveis de 2023 e 2024:
58% (3.096) melhoraram o índice de alfabetização;
53% (2.018) alcançaram a meta projetada.
DESEMPENHOS ESTADUAIS
O Ceará liderou o ranking nacional, com 85,3% de crianças alfabetizadas e 11 unidades da federação atingiram a meta de 2024.
O único Estado que não participou da avaliação foi Roraima. Acre e o Distrito Federal passaram a integrar o levantamento neste ano.
Também tiveram bom desempenho:
Goiás (72,7%);
Minas Gerais (72,1%);
Espírito Santo (71,7%);
Paraná (70,4%).
Na outra ponta, 8 ficaram com menos da metade das crianças alfabetizadas, incluindo:
Bahia (36%);
Sergipe (38,4%);
Rio Grande do Norte (39,3%);
Rio Grande do Sul (44,7%).
Segundo o MEC, esses Estados são prioridade na atuação federal, com apoio técnico presencial e acompanhamento direto da equipe do ministério.
A política de alfabetização estabelece metas progressivas em até 5 anos. “O objetivo é que nenhum estado fique abaixo dos 80% em 2030. Queremos 100%, mas ao menos 80% é o mínimo”, afirmou Camilo Santana.
ANALFABETISMO RECUA
O número de brasileiros que não sabem ler nem escrever caiu 15% em 8 anos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O total passou de 10,7 milhões em 2016 para 9,1 milhões em 2024, uma redução de 1,56 milhão de pessoas.
O problema segue mais concentrado no Nordeste, onde viviam 5,08 milhões de analfabetos em 2024 –mais da metade do total nacional.