Manifestações exigem taxação dos super-ricos e fim da escala 6 x 1 de trabalho; devem ganhar força após Trump tarifar o Brasil e defender Bolsonaro
Movimentos sociais das frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e congressistas como o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) convocaram atos em 12 capitais brasileiras para esta 5ª feira (10.jul.2025). Pedem a taxação dos super-ricos e o fim da escala 6 X 1.
As manifestações “Congresso Inimigo do Povo” tentam pressionar Câmara e Senado a aprovarem a reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo e a redução da jornada de trabalho, depois de uma ampla mobilização de perfis de esquerda nas redes sociais, com peças de propaganda produzidas com inteligência artificial.
“O país não pode continuar parado porque centrão e extrema-direita escolheram proteger privilégios dos bilionários enquanto milhões sofrem para sobreviver. Vamos reagir com mobilização nas ruas, pressão nas redes e cobrança na justiça”, disse Boulos em publicação nas redes.
Os atos ganharam um combustível extra na 4ª feira (9.jul). O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (republicano), anunciou tarifas de 50% para os produtos brasileiros. Lula reagiu. Afirmou que o Brasil é um país soberano que “não aceitará ser tutelado por ninguém”.
A posição do petista insuflou um movimento de patriotismo entre os apoiadores do presidente. O termo “respeita o Brasil” virou um dos temas mais citados no X, com mais de 263 mil publicações à 1h35 de 10 de julho. O PT lançou a campanha “Aqui é BR, não é Disney” em resposta ao norte-americano.
Além de anunciar a tarifa de 50%, Trump também voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Disse na carta enviada a Lula que Bolsonaro é alvo de uma “caça às bruxas” que deve acabar “imediatamente”.
ATOS EM CAPITAIS
Em São Paulo, a concentração está marcada para as 18h em frente ao Masp, na av. Paulista. No Rio, manifestantes se reúnem às 17h na frente do prédio da Bolsa de Valores, no Centro. Também estão confirmadas mobilizações em Brasília, Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Florianópolis, Maceió, São Luís, Salvador e Vitória.
Além de Boulos, a deputada Erika Hilton (Psol-SP), autora da proposta que acaba com a escala 6 X 1, usou o X (ex-Twitter) para incentivar apoiadores a comparecer nos atos. O PT de Lula também fez postagens convocando militantes a participarem. O partido usa o slogan “Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets”.
DERROTA DEFLAGROU CAMPANHA
O embate nas redes em torno dos super-ricos foi pautado pelos perfis de esquerda. Ele começou com a derrubada do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) pelo Congresso em 25 de junho. Um levantamento da consultoria Quaest mostrou que, de 24 de junho a 4 de julho, 61% dos posts sobre o tema foram críticos ao Legislativo.
O aumento do IOF integra uma série de medidas do governo para aumentar a arrecadação e equilibrar o Orçamento. O Planalto aproveitou o contexto da derrota para reforçar o discurso a favor da aprovação da reforma do Imposto de Renda, que isenta quem ganha até R$ 5.000 e aumenta alíquotas de quem ganha mais de R$ 50.000.
No dia 2 de julho, durante evento em Salvador, Lula exibiu um cartaz da campanha “Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets”. A imagem foi compartilhada em suas redes sociais com a mensagem: “Mais justiça tributária e menos desigualdade. É sobre isso.” Já o PT impulsionou campanhas nas redes sobre o tema, defendendo a necessidade de taxar mais os super-ricos.
Perfis de esquerda usaram o mote “Congresso inimigo do povo”. Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, virou um dos principais alvos dos vídeos produzidos com inteligência artificial. Nas peças, o congressista é chamado de “Hugo nem se importa”.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) respondeu com um vídeo publicado na 2ª feira (7.jul). O congressista de oposição, que já havia recorrido à estratégia em outros momentos para criticar o governo, obteve milhões de visualizações da peça em que cita “gastos luxuosos” do presidente e da primeira-dama Janja da Silva em viagens internacionais.