Fed avalia impacto de tarifas antes de cortar juros, diz Powell

Presidente do banco central dos EUA afirma que aumentos tarifários podem elevar preços e pesar sobre a economia americana

Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), disse nesta 3ª feira (24.jun.2025) que a autoridade monetária norte-americana precisa de mais tempo para avaliar se o aumento das tarifas do presidente Donald Trump (Partido Republicano) elevará a inflação antes de considerar cortes nas taxas de juros exigidos pelo chefe do Executivo. A declaração se deu durante depoimento na Comissão de Serviços Financeiros da Câmara, em Washington D.C.

“Os aumentos de tarifas neste ano provavelmente vão elevar os preços e pesar sobre a atividade econômica”, declarou Powell. “Os efeitos na inflação podem ser de curta duração, refletindo uma mudança única no nível de preços. Também é possível que os efeitos inflacionários possam ser mais persistentes. […] Por enquanto, estamos bem posicionados para aguardar e aprender mais sobre o provável curso da economia antes de considerar quaisquer ajustes em nossa postura política”, afirmou.

A necessidade de mais análise se dá porque os impactos das novas políticas tarifárias ainda não estão completamente claros, especialmente com a aproximação do prazo de 9 de julho para implementação de tarifas mais altas sobre diversos países.

O depoimento de Powell faz parte de sua apresentação semestral ao Congresso norte-americano. A declaração afeta diretamente a política monetária dos Estados Unidos e as expectativas do mercado financeiro, além de contrariar os pedidos de Trump.

Depois da divulgação do depoimento, investidores reduziram suas apostas de que o banco central poderia cortar sua taxa de juros na reunião de julho. Aumentaram as chances para uma redução em setembro, com outra a seguir ainda este ano.

Ao ser questionado se os EUA estavam em uma posição que permitia corte de juros ainda em julho, pelo deputado Mike Lawler (Partido Republicano), Powell afirmou que “se a pressão causada pela inflação realmente permanecer contida, então chegaremos a um ponto que nos permitirá cortar taxas quanto antes. Mas não quero apontar para uma reunião específica, acho que não precisamos ter pressa porque a economia ainda é forte.”

O depoimento segue, em grande parte, a declaração de política monetária mais recente do Fed, divulgada em 18 de junho. Os dirigentes votaram unanimemente naquela reunião para manter a taxa de juros de referência na faixa atual de 4,25% a 4,5%, sem indicação de cortes iminentes.

As políticas comerciais de Trump ainda estão em desenvolvimento. O resultado dessas mudanças será crucial para o Fed compreender o cenário econômico completo. O mercado financeiro deverá ajustar suas expectativas sobre o momento dos cortes nas taxas de juros. Segundo Powell, o Fed continuará monitorando os dados econômicos e o impacto das novas tarifas antes de tomar decisões sobre ajustes na política monetária.

Trump, que nomeou Powell como presidente do Fed em seu 1º mandato, tem repetidamente pedido cortes acentuados nas taxas.

“Deveríamos estar pelo menos 2 a 3 pontos mais baixos”, disse ele em uma postagem nas redes sociais antes da audiência, acrescentando em referência a Powell que esperava que “o Congresso realmente pressione esta pessoa muito burra e teimosa”.

Em seu depoimento preparado, Powell disse que a economia permanece em uma “posição sólida”, com baixo desemprego e inflação muito abaixo de seu pico durante a pandemia. “Mudanças políticas continuam a evoluir e seus efeitos na economia permanecem incertos”, acrescentou Powell.

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-economia/fed-avalia-impacto-de-tarifas-antes-de-cortar-juros-diz-powell/

Deixe um comentário