Uma ala avalia que os juros só vão baixar com propostas concretas de corte de gastos, outra avalia como um “desastre”
Ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que o aumento da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual pode obrigar o governo a cumprir a agenda fiscal –isto é, apresentar propostas concretas de corte de gastos.
Apesar da ala fiscalista do governo defender que é uma oportunidade para acelerar os cortes de gastos, uma outra parte classifica como um desastre para a estabilidade econômica do país.
Na visão desse grupo, o Executivo já está fazendo um controle da inflação. Críticos da administração petista, entretanto, indicam que a expansão dos gastos públicos pressiona a inflação, impedindo uma queda consistente dos juros.
O Banco Central anunciou nesta 4ª feira (18.jun.2025) o a Selic de 14,75% ao ano para 15% ao ano. O juro base está no maior patamar desde junho de 2006, quando era 15,25% ao ano. Lula estava na reta final de seu 1º mandato naquele ano.
Esta é a 7ª alta realizada pelo Banco Central. Apesar disso, houve uma desaceleração no nível dos incrementos. A elevação anterior foi de meio ponto percentual.
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Influencia diretamente as alíquotas que serão cobradas de empréstimos, financiamentos e investimentos. No mercado financeiro, impacta o rendimento de aplicações.
Ao Poder360, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, disse que o Banco Central faz uma “anti-missão” da competência da instituição financeira e piora a agenda fiscal. Afirmou que a decisão contribui para “matar” o setor produtivo brasileiro. “A quem interessa expropriar de quem batalha, produzir e paga impostos, via dívida pública?”, questionou.
“A decisão contribui para matar o setor produtivo brasileiro. A quem interessa expropriar de quem trabalha, produz e paga impostos, via dívida pública… Só de juros e serviços da dívida vamos pagar mais de R$ 1 trilhão. E os mais pobres também pagam caro as consequências desta medida sem qualquer lógica técnica. É o BC fazendo a anti-missão de um verdadeiro Banco Central. E ainda ajudando a piorar o equilíbrio fiscal”, declarou.
Até o momento, o governo não apresentou medidas de corte de gastos públicos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em 10 de junho que as propostas seriam definidas em uma comissão de líderes do Congresso Nacional. Segundo ele, os congressistas e a equipe econômica ainda vão “voltar para a mesa” para debater a pauta para reduzir a trajetória de alta das despesas. Não deu prazo nem detalhou o que está na mesa para frear os gastos públicos.
Em tentativa de responder às críticas pela falta de corte de gastos e aumento da arrecadação, o governo publicou uma MP (medida provisória) para tentar aliviar os gastos em R$ 15 bilhões até 2026. Conforme o Ministério da Fazenda, seria R$ 4,28 bilhões para 2025 e 10,69% para o ano que vem.
O texto alternativo à alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) foi rechaçado pela Oposição do Senado em mais uma derrota para o Planalto.
A Câmara dos Deputados aprovou na 2ª feira (16.jun) por 346 votos a 97 o requerimento de urgência do PDL (Projeto de Decreto Legislativo) 314 de 2025, que revoga o decreto do governo que aumentou o IOF. Agora, a proposta pode ser votada no plenário a qualquer momento.
Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-governo/governistas-divergem-sobre-alta-da-selic-para-15-ao-ano/