Porta-voz do presidente argentino, Manuel Adorni ganhou a disputa e partido libertário A Liberdade Avança nacionaliza política na capital do país
O candidato do presidente da Argentina, Javier Milei (LLA, A Liberdade Avança), Manuel Adorni (LLA), venceu as eleições realizadas em Buenos Aires no domingo (18.mai.2025). O porta-voz de Milei derrotou a candidata apoiada pelo partido que governava a cidade há quase 18 anos, além do nome favorito do ex-presidente Alberto Fernández (Partido Justicialista, peronista).
Adorni, da lista “Liberdade Avança”, venceu com 30,13% dos votos, ficando 2,78 pontos percentuais à frente do representante do kirchnerismo, Leandro Santoro (MNA, Movimento Nacional Alfonsinista, kirchnerista). O candidato peronista, da coligação “Agora é Buenos Aires”, recebeu 27,35% da preferência do eleitorado.
Silvia Lospennato (PRO, centro-direita), da lista “Proposta Republicana”, ficou com 15,92% dos votos. Era apoiada pelo atual chefe de Governo de Buenos Aires, Jorge Macri (cargo equivalente ao de prefeito, já que Buenos Aires é uma cidade autônoma).
Jorge Macri, que derrotou Santoro nas últimas executivas municipais, é primo do ex-presidente Mauricio Macri (PRO).
Os eleitores de Buenos Aires foram às urnas para definir 30 das 60 cadeiras da Assembleia Legislativa local. O que poderia parecer uma eleição de menor escala transformou-se em uma disputa nacional, com os 3 principais cabeças de lista representando forças políticas de alcance nacional.
As eleições legislativas na Argentina funcionam com um sistema proporcional por listas, e o voto é obrigatório para todos os cidadãos com idades de 18 a 70 anos. Cada localidade tem autonomia para definir seu próprio calendário, e, a cada 2 anos, é renovada metade das cadeiras das assembleias locais.
O pleito da cidade de Buenos Aires, portanto, não tem qualquer relação com as eleições para a Assembleia Nacional, que serão realizadas em 26 de outubro de 2025. Muitas províncias preferem coincidir suas eleições locais com as nacionais, mas essa decisão cabe a cada região.
HISTÓRICO DOS CANDIDATOS
Adorni ganhou destaque nacional como porta-voz de Javier Milei. Nascido em La Plata, formou-se em economia e atuou como professor universitário e jornalista. Em 2019, fundou, com outros políticos de direita, o partido Republicanos Unidos e foi ganhando notoriedade por suas posições controversas nas redes sociais contra políticos de esquerda.
Em 2023, já no partido de Milei, ganhou o prêmio Martín Fierro Digital, na categoria de “melhor tuiteiro da Argentina”. Autor do prólogo do livro de Milei “O Fim da Inflação”, Adorni se refere ao presidente, no texto, como alguém que tem sua “admiração e eterna amizade”.
Suas propostas para Buenos Aires replicam o modelo de Milei para a política nacional: redução de impostos e cortes no funcionalismo público.
Santoro, o candidato kirchnerista, nem sempre assim se identificou. Iniciou sua militância no radicalismo portenho e foi presidente da Juventude Radical, tendo feito duras críticas públicas ao kirchnerismo de 2012 a 2014.
A partir de 2014, iniciou uma aproximação com o kirchnerismo, acompanhando a então presidente Cristina Kirchner (Unidade Cidadã) em uma viagem ao Vaticano. Em 2015, foi escolhido para um cargo na Subsecretaria para a Reforma Institucional e, depois, eleito deputado por Buenos Aires em 2017. Sua trajetória revela uma mudança de posicionamento político, que ele justificou como parte do seu estilo provocador nas redes sociais.
Entre as principais propostas de sua campanha estavam a criação de uma comissão investigadora para rever contratos de prestação de serviços entre o governo e empresas, e a conversão de prédios no centro da cidade em moradias acessíveis para jovens.
DERROTA DO PRO
As eleições de domingo foram um teste para o PRO, que governa Buenos Aires há quase 18 anos e apostava na deputada Silvia Lospennato como principal nome para defender a gestão de Jorge Macri.
Com forte apoio do ex-presidente Mauricio Macri, a campanha apostou no contato direto com os eleitores, destacando realizações anteriores, como o Metrobús e a modernização da rede de saúde.
Lospennato, conhecida por ter apresentado projetos como o da “Ficha Limpa”, inspirado em lei semelhante no Brasil, também propôs iniciativas contra a violência digital e de incentivo à moradia para jovens. No entanto, ficou em 3º lugar na disputa.