Kits tinham como objetivo promover o programa de educação Pé-de-Meia; envio do material foi determinação da Secom
O Ministério da Educação gastou R$ 25.080 para enviar 600 pares de meias a deputados e senadores em fevereiro. A ação foi determinada pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) para promover o programa Pé-de-Meia, que destina recursos a uma espécie de poupança para estudantes de baixa renda.
O valor foi detalhado em uma resposta enviada pelo ministério ao deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) em maio a questionamentos feitos pelo congressista sobre os gastos com a ação de marketing. Leia a íntegra (PDF – 358kB). Cada par de meias custou R$ 41,80.
Os kits foram entregues a congressistas da base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da oposição em 25 de fevereiro, mesmo dia em que o Executivo começou a pagar a parcela de R$ 1.000 a alunos participantes do programa. Na época, também foram depositados R$ 200 aos que concluíram o 3º ano do Ensino Médio e que participaram dos 2 dias de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
O programa é uma das principais bandeiras do governo Lula 3, que enfrenta desde o início de 2025 problemas em sua popularidade. As meias foram enviadas dentro de caixas de acrílico acompanhadas de uma carta com elogios ao programa e a mensagem de que se tratava de uma “conquista” que “não seria possível sem a participação” dos congressistas.
“Uma conquista que não seria possível sem a participação dos parlamentares. O Pé-de-Meia é uma demonstração clara de que estamos oferecendo condições para que os jovens não precisem desistir da escola por terem que trabalhar para levar comida para casa”, diz a carta. Leia a íntegra ao final deste texto.
Na época da distribuição das meias, o MEC informou ao Poder360 que os itens de divulgação do Pé-de-Meia “foram custeados no âmbito das ações de lançamento do programa, com recursos do ministério e da Caixa Econômica Federal”.
No documento enviado a Kataguiri, o ministério, porém, diz que os valores foram pagos pelo órgão à empresa Viver Eventos, contratada para fornecer itens de divulgação e promoção de eventos e atividades do programa Pé-de-Meia. O contrato estabelece a possibilidade de produção de diversos objetos como camisetas, copos, ecobag, boné, banner, panfletos, coletes e botons. O MEC não faz menção a recursos custeados pela Caixa.
A Viver Eventos foi contratada em setembro de 2024 por R$ 36,1 milhões para realizar eventos, recepções internas e externas e atividades do Ministério da Educação em todo o país. O contrato tem validade de 1 ano, prorrogável por até 10 anos.
Leia a íntegra da carta enviada pelo governo aos congressistas junto com as meias em 25 de fevereiro de 2025:
“Caro (as) deputados (as),
“O pagamento da poupança de R$ 1 mil do programa Pé-de- Meia entra na conta dos estudantes nesta terça-feira (25). E rendendo. Tem direito ao valor quem passou de ano. Mas quem concluiu o ensino médio já pode sacar. E olha que legal: mais de 90% dos jovens que estão no programa passaram de ano.
“Essa ação extraordinária está ajudando mais de 4 milhões de jovens a permanecerem na escola, melhorando a qualidade do ensino e aumentando a renda da família. Todo mês, o aluno que comparece às aulas recebe R$ 200. Se fizer o ENEM, ganha mais R$ 200 também, num valor total que pode chegar a R$ 9,2 mil.
“Uma conquista que não seria possível sem a participação dos parlamentares. O Pé-de-Meia é uma demonstração clara de que estamos oferecendo condições para que os jovens não precisem desistir da escola por terem que trabalhar para levar comida pra casa.
“E a gente também criou o Pé-de-Meia Licenciaturas, um estímulo para quem se formou no ensino médio, e teve boa nota no Enem, seguir a carreira de professor.
“Um ano combatendo a evasão escolar, permitindo que os jovens voltem a sonhar. Essa conquista é fruto de um esforço coletivo em prol da educação e do futuro dos jovens brasileiros, e demonstra o poder da união em favor de políticas públicas transformadoras”.