Dez anos antes, número chegava a 103,8 milhões; índice da pela Firjan difere do IDH calculado pela ONU
Estudo divulgado na 5ª feira (8.mai.2025) pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) mostra que 47,3% dos municípios do país tinham IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal) baixo ou crítico em 2023.
Cerca de 57 milhões de pessoas viviam nesses locais, de acordo com o levantamento.
A pesquisa mostra que 4,5% dos municípios tinham IFDM crítico e 42,8%, baixo. Por outro lado, 48,1% tinham índice moderado e 4,6%, alto.
A mesma pesquisa mostra, no entanto, que houve melhora no índice de desenvolvimento humano municipal do país na década.
Em 2013, 36% dos municípios estavam na categoria de IFDM crítico e 41,4% em baixo, que reuniam, juntos, 103,8 milhões de habitantes. Aqueles com índice moderado eram 22,4% e aqueles com alto, 0,2%.
Para calcular o IFDM, o estudo considera indicadores de emprego e renda, saúde e educação em cada município brasileiro. A pontuação varia de 0,000 a 1,000.
Os critérios, portanto, são diferentes do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) calculado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e divulgado na 3ª feira (6.mai).
A Firjan considera indicadores como mercado de trabalho formal, PIB (Produto Interno Bruto) per capita, diversidade econômica, taxa de pobreza, educação integral, abandono escolar, educação infantil, formação docente, gravidez na adolescência, óbitos infantis, cobertura vacinal, internações sensíveis à atenção básica e ao saneamento inadequado, entre outros.
É considerado IFDM crítico aquele município que pontua menos de 0,400. Uma pontuação entre 0,400 e 0,599 é considerado baixo. De 0,600 a 0,799 é classificado como moderado. Já municípios com 0,800 ou mais entram na categoria de IFDM alto.
A média do país subiu de 0,4674 em 2013 para 0,6067 em 2023, um aumento de 29,8%. Nesse período, 5.495 dos municípios brasileiros (99% do total) tiveram melhora no índice.
Os municípios com até 20.000 habitantes, segundo a pesquisa, apresentaram um crescimento mais acelerado em comparação com as cidades com mais de 100 mil habitantes.
O indicador de educação foi o que mais evoluiu nesses 10 anos, com um avanço de 52,1%. Mesmo com a melhoria geral da situação do IFDM, 55 municípios apresentaram retrocesso.
Além disso, o economista-chefe da Firjan, Jonathas Goulart, destaca que ainda há muitos municípios com índice baixo ou crítico:
“Se a gente pegar o padrão de desenvolvimento desses municípios com desenvolvimento crítico apresentado de 2013 a 2023 e projetar para saber em quanto tempo eles vão chegar no nível de desenvolvimento dos municípios com alto desenvolvimento, a gente percebeu que esses municípios com nível de desenvolvimento crítico só vão chegar no padrão das cidades com alto desenvolvimento em 2046.”
“Então a gente pode falar que os municípios menos desenvolvidos estão com 23 anos de atraso em relação aos municípios com alto desenvolvimento. Aqui a gente já começa a perceber que existe uma discrepância muito grande, são dois países completamente diferentes. Apesar de a gente ter um país que é regido pela mesma Constituição e dentro de um mesmo regime político”.
A pesquisa mostrou que a maior parte dos municípios com IFDM crítico ou baixo estão nas regiões Norte e Nordeste. Juntas, elas contabilizam 87% de seus municípios nessa faixa do índice.
Os 14 Estados com maior percentual de municípios com desenvolvimento baixo ou crítico estão nessas regiões. No Amapá, 100% dos municípios estão nessa situação.
Em seguida, aparecem Maranhão (77,6%), Pará (72,4%) e Bahia (70,5%). Rondônia e Ceará têm situação melhor, com percentuais de 26% e 29,1%, respectivamente.
Sul, Sudeste e Centro-Oeste possuem, em conjunto, cerca de 20% de seus municípios nessa situação.
Em São Paulo, o percentual é de apenas 0,3%. O Rio de Janeiro é o pior Estado dessas 3 regiões, com 31,8% (acima de Rondônia e Ceará).
Municípios
Os 10 municípios com os maiores IFDM ficam em São Paulo ou no Paraná. A lista é liderada por Águas de São Pedro (0,8932), cidade paulista com economia voltada para o turismo.
Em 2º lugar aparece São Caetano do Sul, também em São Paulo (0,8882). Em 3º, Curitiba é a capital mais bem posicionada, com 0,8855.
Completam a lista dos 10 melhores índices:
Maringá (PR), 0,8814;
Americana (SP), 0,8813;
Toledo (PR), 0,8763;
Marechal Cândido Rondon (PR), 0,8751;
São José do Rio Preto (SP), 0,8750;
Francisco Beltrão (PR), 0,8742;
Indaiatuba (SP), 0,8723.
Depois de Curitiba, as capitais com melhores índices são: São Paulo (0,8271), Vitória (0,8200), Campo Grande (0,8101) e Belo Horizonte (0,8063).
Na outra ponta, os 10 municípios com piores índices ficam no Norte e Nordeste. Eis a lista:
Ipixuna (AM), 0,1485;
Jenipapo dos Vieiras (MA), 0,1583;
Uiramutã (RR), 0,1621;
Jutaí (AM), 0,1802;
Santa Rosa do Purus (AC), 0,1806;
Oeiras do Pará (PA), 0,2143;
Fernando Falcão (MA), 0,2161;
Limoeiro do Ajuru (PA), 0,2420;
Melgaço (PA), 0,2429;
Curralinho (PA), 0,2431.
As 5 capitais com piores IFDM são: Macapá (0,5662), Boa Vista (0,6319), Belém (0,6390), Salvador (0,6442) e Manaus (0,6555).
Entre as capitais, só Florianópolis teve piora no IFDM de 2013 para 2023. Fortaleza e Maceió tiveram os maiores avanços nesse período.
Com informações da Agência Brasil.