Cerca de 40% dos americanos dizem que estão prestando mais atenção às notícias políticas com Trump na Casa Branca pela segunda vez
*Por Sarah Scire
A 1ª vez que Donald Trump (Republicano) atacou a repórter da Casa Branca Ashley Parker pelo nome nas redes sociais foi em 2019. Foi preocupante e desconcertante, mas Parker rapidamente focou no lado positivo.
“Houve esse momento maravilhoso em que pude ouvir todos na minha vida”, disse Parker a uma plateia no ISOJ (Simpósio Internacional de Jornalismo On-line) em 28 de março. Ela ouviu de um rapaz com quem saiu no 1º ano da faculdade. Os amigos da irmã dela do acampamento de verão entraram em contato. Foi uma ótima desculpa para se reconectar com cerca de “200 pessoas” em um curto período, disse ela.
Parker, vencedora de 3 prêmios Pulitzer, deixou o Washington Post para se juntar à Atlantic como redatora em 2024. Duas semanas atrás, foi atacada novamente nas redes sociais por Trump. Entre outras críticas, Trump postou no Truth Social que Parker “nem sabe que eu ganhei a Presidência TRÊS vezes.” (Trump, claro, só venceu uma eleição presidencial duas vezes.)
Desta vez, a resposta de amigos, familiares e antigos conhecidos foi mínima. A diferença chamou a atenção de Parker.
“Desta vez, quando ele me atacou, realmente não ouvi de tantas pessoas”, disse Parker. O painel –sobre os desafios de cobrir o “Trump 2.0”– também incluiu Elizabeth Kennedy, editora da Casa Branca no New York Times, e Eugene Daniels, novo coapresentador da MSNBC e presidente da Associação de Correspondentes da Casa Branca.
“O Truth Social não tem o mesmo alcance que o Twitter tinha; acho que isso é parte do motivo”, continuou Parker. “Acho que a outra parte é que já estamos há 10 anos no ‘show de Donald Trump’ e em um momento em que ele está deportando pessoas sem o devido processo para prisões em El Salvador e fechando agências inteiras… A ideia de que ele não gosta de um jornalista não é exatamente uma novidade, certo?”
Um novo relatório oportuno do Pew Research Center (íntegra, em inglês – PDF – 490 kB) sugere que Parker tem razão.
Muito menos norte-americanos estão ouvindo sobre o relacionamento do governo Trump com a mídia em comparação com seu 1º mandato, mostrou o relatório.
Apenas 36% diz que ouviram muito sobre a relação do governo com a mídia. Isso é metade da porcentagem que o Pew encontrou ao fazer a mesma pergunta durante o 1º mandato do presidente. Em março de 2017, cerca de 3/4 dos norte-americanos (72%) disseram que ouviram muito sobre o relacionamento entre Trump e a mídia.
Não é porque os norte-americanos estão completamente desligados. Cerca de 70% diz que acompanham as notícias sobre o governo Trump muito de perto (31%) ou razoavelmente de perto (40%), de acordo com o relatório.
O estudo entrevistou 5.123 adultos entre o final de fevereiro e o início de março de 2025. Naquele momento, o governo já havia atacado publicamente e/ou processado a CBS News, o Des Moines Register, a Associated Press e outros veículos.
Durante a realização da pesquisa, a Casa Branca assumiu o controle do grupo de imprensa da Casa Branca, que por mais de um século era administrado por uma associação independente de jornalistas.
Cerca de 40% dos norte-americanos dizem que prestam mais atenção às notícias políticas com Trump na Casa Branca pela 2ª vez.
O Pew perguntou aos 71% dos entrevistados que disseram estar acompanhando as notícias do governo Trump o motivo disso. A resposta mais comum (66%) foi: “Estou preocupado com o que o governo está fazendo”.
Os democratas foram os mais propensos (88%) a citar preocupação como motivo para acompanhar as notícias relacionadas a Trump. Mas o estudo mostrou que quase metade (45%) dos republicanos também apontou a “preocupação” como uma razão importante para prestar atenção.
Democratas e republicanos foram igualmente propensos (62%) a dizer que acompanham as notícias porque “elas são relevantes para minha vida”.
Os que não estão acompanhando as notícias sobre o governo Trump citaram o fato de se sentirem “esgotados com a quantidade delas” e o desinteresse geral por notícias políticas.
*Sarah Scire é editora adjunta do Nieman Lab.
Texto traduzido por Julianna Valença. Leia o original em inglês.
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